DownloadOs alimentos produzidos pelos princípios da agroecologia são mais saudáveis e de maior valor nutricional, sendo mais atrativos para os consumidores
No ano de 2016, Ana de Paula Abreu adquiriu um sítio de produção de goiaba em Nazaré Paulista, município da microrregião de Bragança Paulista. Contudo, após chegar na propriedade, percebeu que não queria produzir as frutas com o uso de defensivos e fertilizantes químicos.
Então, com o objetivo de começar a cultivar de forma agroecológica, a produtora entrou em contato com uma unidade da Casa da Agricultura, iniciativa da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), órgão ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), que tem a missão de auxiliar produtores por todo o Estado.
“Estamos com o Protocolo de Transição Agroecológica desde 2018. Durante este período, abolimos todos os produtos químicos para evitar qualquer tipo de dano ao meio ambiente. No começo não foi fácil, perdemos safras até a natureza e o solo se equilibrarem novamente. Após muito trabalho, começamos a ver joaninhas e abelhas voltarem”, contou Ana, proprietária do De Paula Produtos Artesanais.
Assim como Ana de Paula, centenas de produtores rurais paulistas estão em processo de transição agroecológica, que busca transformar a produção recuperando a fertilidade do solo e o equilíbrio do ecossistema considerando os aspectos sociais, culturais e econômicos de cada região.
Os alimentos produzidos e colhidos pelos princípios da agroecologia são mais saudáveis e de maior valor nutricional, sendo mais atrativos para os consumidores.
“Os produtores nos contam as vantagens da transição agroecológica. Eles já se diferenciam do mercado antes mesmo de conseguirem o certificado final. Prefeituras já compraram desses produtores devido aos alimentos diferenciados que são oferecidos”, conta Araci Kamiyama, especialista ambiental na CATI e Gestora do Protocolo de Transição Agroecológica.
A valorização ambiental, comercial e nutricional dos produtos agroecológicos é destacada por Ana: “as goiabas se tornaram lindas, grandes, quando você pega a fruta na mão, já vê a diferença na casca, no cheiro e no sabor”, afirmou a produtora, que passou a agregar valor ao seu negócio por meio do processamento agroindustrial e agora produz, além da tradicional goiabada cascão, geléias, cerveja e até amanteigados.
“A partir do momento em que eu peguei o protocolo de transição, tudo mudou: o produto ficou conhecido, o sítio ficou conhecido, as pessoas acham o máximo esse cuidado com a natureza. É muito satisfatório”, ressaltou a agricultora.
A transição agroecológica passa por várias etapas. Uma lista de boas práticas é utilizada como orientação, destacando a sustentabilidade do solo; utilização de adubos verdes e orgânicos; uso racional de água; manejo ecológico de pragas e doenças; além da destinação correta de resíduos. Todo esse processo é acompanhado e registrado por um técnico. “Com a extensão rural, o produtor fica cada vez mais mais capacitado e isso reflete na qualidade de vida para todas as pessoas envolvidas no processo”, afirmou Ricardo Pereira, coordenador da CATI.
Os alimentos agroecológicos, além de serem orgânicos, são diferenciados desde a origem, utilizando um modo de produção diversificado e sustentável, considerando o perfil do solo e do bioma local, além de fortalecer a economia regional.
Em todo o Estado de São Paulo, já são mais de 8.300 hectares em processo agroecológico, principalmente de pequenos agricultores, de assentados e, recentemente, o primeiro quilombo iniciou o protocolo.
O Protocolo de Transição Agroecológica é uma iniciativa do Estado de SP promovida pela Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, (SEMIL) e pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA).
No dia 3 de novembro, o secretário executivo de Agricultura e Abastecimento, Edson Fernandes, representou o governador do Estado, Tarcísio de Freitas, no 7° Encontro Paulista de Agroecologia. O evento ocorreu em São Roque e reuniu agricultores, técnicos, pesquisadores e estudantes para discutir os rumos da Agroecologia Paulista.
O interesse por alimentos orgânicos vem crescendo no Brasil. De acordo com a Organis, Associação de Promoção dos Orgânicos, em 2020 o mercado de produtos orgânicos cresceu mais de 30% no país em relação ao ano anterior, movimentando cerca de R$ 5,8 bilhões. A estimativa para 2023 é de que o setor supere a marca de R$ 7 bilhões.
Conheça feiras orgânicas em São Paulo
Feira do Produtor Orgânico da AAO (Associação de Agricultura Orgânica)
Avenida Francisco Matarazzo, 455, Água Branca
Terças, sábados e domingos, das 7h às 12h
Instituto Chão
Rua Harmonia, 112/114, Vila Madalena
Segunda, das 8h às 14h
Terça a sexta, das 8h às 19h
Sábado e domingo, das 8h às 17h
Instituto Feira Livre
Rua Major Sertório, 229, República
Segunda, das 8h às 15h
Terça a sexta, das 8h às 19h
Sábado e domingo, das 8h às 17h
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Fonte: www.saopaulo.sp.gov.br
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