SOLIDARIEDADE, HUMANIDADE E A LUTA CONTRA A POBREZA
Planeta Terra 2023: Muitos acreditavam que neste ano o homem estaria vivendo uma vida mais completa, repleta de paz, amor, abundância, alegrias. Mas esse é o cenário de uma pequena parcela da população mundial. O que vemos hoje, após tantos avanços tecnológicos em todas as áreas do conhecimento que o homem domina, são mazelas conhecidas: pandemias, guerras, fome, doenças e a mais temida e atual de todas, as mudanças climáticas que afeta principalmente os mais pobres.
São temas que de alguma forma, incomodam tantas pessoas, mas em sua maioria não tomam nenhuma posição ou ação para enfrentar. Mas o que faz com que uma pessoa enxergue que algo precisa ser mudado e que ele faz parte do problema e precisa atuar? Eu acredito que seja a INDIGNAÇÃO. O sentimento de indignação é expresso como uma manifestação humana de descontentamento, através de palavras ou atitudes, variando de intensidade conforme o nível de indignação do indivíduo.
Eu admiro muito uma qualidade minha em trazer luz para coisas que me indignam. Com certeza esse é um combustível forte para agir sob algo que não concordo e quero mudança, talvez tenha sido por isso que o voluntariado me encontrou. Talvez tenha sido por isso que o voluntariado me resgatou. Eu sempre olhei para esses assuntos e me questiona o porquê? Por que de tanta dor? Por que de tanta fome? Porque de tanta destruição. A indignação faz com que portas se abram e nossa mente e automaticamente um conflito inquietante é criado em busca de respostas. Muitas pessoas encontram as respostas, mas param e não continuam. É precisa questionar, encontrar as respostas e agir.
Muito similar ao que penso e pratico a federação Humana People to People está alinhada aos meus valores e visão de futuro. Pensando em contribuir a fim de tornar o mundo um lugar melhor para pessoas que não possuem suas necessidades básicas de sobrevivência atendidas. Usando ferramentas que otimizam projetos e conhecimentos que potencializam a abrangência de suas ações, tornando-se uma grande aliado na luta contra a desigualdade no mundo. Dentre os principais projetos, dois me chamaram mais a atenção, “Desenvolvimento de Comunidades e Saúde”. Talvez queira me aprofundar mais nesses temas. Saber que quase 12% da população adulta de 3 países africanos (Mozambique, Zambia e Malawi) estão infectados com o vírus do HIV enquanto a média mundial está em 0,8% mostra o abismo que separa populações tão carentes da informação e prevenção de uma doença que está controlada em tantos outros países do globo. Esse relato me chamou a atenção, uma mãe compreende a importância em aceitar o tratamento antirretrovirais para seu filho infectado e relata o quando isso mudou a sua vida e aumento a qualidade de vida do seu filho: “Eu vivia em negação e recusava-me a aceitar o meu estatuto soropositivo. A minha escolha impediu que os meus filhos tivessem acesso aos serviços de testes de HIV. Recebi aconselhamento e levei a minha filha para fazer um teste de VIH e ela foi considerada soropositiva”, diz Barbra Zulu, uma participante no project Child Aid Mongu. “A carga viral do VIH da minha filha era elevada, 2 374, e ela foi colocada em terapêutica anti-retroviral. Agora caiu para 178.” Barbra é um membro ativo do seu Village Action Group local. O grupo ajudou-a a construir a sua casa e o seu filho obteve apoio financeiro para as propinas escolares.
No Brasil, cheguei a participar de um projeto social que acolhia pessoas infectadas ou que conviviam com o vírus HIV. Me lembro com muitos detalhes dentre eles, irmãos que conviviam com o vírus, um estava infectado e o outro não. Outro ponto era que, quando o tempo esfriava, por conta da baixa imunidade, todos eles ficavam doentes, com gripe ou coisa do tipo. Nesse projeto, levávamos um dia especial, onde as crianças e os adolescentes podiam expressar suas alegrias através de brincadeiras e atividades. Não consigo esperar a mudança que eu quero para um mundo melhor, e assim como a HPP resolvi agir e foi através do voluntariado que encontrei caminhos para compartilhar um pouco do meu conhecimento, habilidades e força de trabalho em prol do bem comum.
O trabalho voluntário vai além da simples ação de ajudar. É um compromisso com a humanidade, um gesto que reverbera em corações e comunidades, trazendo luz a lugares e pessoas antes esquecidos e excluídos. Voluntariado é a doação de tempo, habilidades e empatia sem esperar recompensas materiais. É o amor ao próximo na sua mais pura essência. É o desejo genuíno de fazer a diferença na vida de alguém, transformando também a vida de quem ajuda. O voluntariado nos coloca em constante movimento, seja contribuindo com ideias, distribuindo alimentos ou participando de ações comunitárias. Este envolvimento dinâmico não apenas ajuda a transformar vidas, mas também potencializa nossa saúde e reforça nossa energia vital. O ato de ajudar traz claridade mental. Ao focarmos nas necessidades dos outros, nossas preocupações diárias são postas em perspectivas e passamos a valorizar o ordinário. O vínculo essencial criado ao ajudar é inestimável. Sentimento de pertencimento, amor e compreensão florescem, nos tornando mais empáticos e conectados com o outro. Uma ação pode gerar ondas de mudança, o voluntariado fortalece comunidades, construindo pontes de solidariedade, promovendo justiça social. É a manifestação prática da frase “juntos somos mais fortes”.
Escolher ser voluntário é escolher amor, empatia e transformação. É reconhecer que a verdadeira riqueza está nas conexões humanas e na capacidade de iluminar a vida de alguém. Com o aumento da desigualdade, crises climáticas, aquecimento global, crises sanitárias e tantas outras mazelas que ameaçam a humanidade, será imprescindível pessoas líderes em suas habilidades causando impacto significativos para a transformação do mundo. A mudança começa com a ação.
Acredito que a nossa principal função aqui na terra é evoluir, e construir dia a dia um mundo melhor impactando a todos que temos acesso, deixando um lugar melhor para nós e para os que virão. Constantemente eu tenho sentido que para alavancar essa minha evolução eu preciso mexer nas estruturas e abrir novos caminhos, até então, desconhecidos. É em busca disso que eu me coloco agora.
Por Kelvin Rodrigues, Brasileiro, estudante da CICD – College for International Co-operation and Development, na Inglaterra
Saiba mais sobre a CICD: cicdvolunteer@joincicd.org
+44 7879 45 3738