Recentemente, a imprensa mundial noticiou as manifestações na Argentina em prol da educação, composta por estudantes, professores e alunos estrangeiros das 57 universidades públicas do país, contra o possível corte de verbas destinados ao setor da educação proposto pelo governo.
Porém, o que na verdade pode não ter ficado claro, foi como tudo começou e qual o real impacto das manifestações.
O protesto iniciou-se por causa de algumas medidas adotadas pelo governo do presidente da Argentina, Javier Milei, para cortar gastos públicos, e assim lidar com a crise econômica do país, herdada de governos anteriores.
Com isso, diversas áreas passaram por reajustes, e a educação foi uma delas. No entanto, ao contrário do que foi divulgado ou questionado por algumas pessoas, não houve por parte dos estudantes argentinos e estrangeiros o sentimento de um futuro incerto em uma das áreas mais importantes do país.
Talvez um dos motivos para impulsionar essa opinião foi uma declaração da Universidade de Buenos Aires (UBA), considerada a melhor universidade da América Latina e uma das principais instituições de língua espanhola no mundo, sobre os cortes bruscos em seu orçamento, o que já foi esclarecido e resolvido.
Em recente coletiva de imprensa, o porta-voz presidencial, Manuel Adorni, assegurou que o governo não pretende fechar universidades e anunciou o aporte de cerca de US$ 24,5 milhões (R$ 126 milhões) para garantir custos de manutenção em universidades públicas e outros US$ 12 milhões (R$ 61,8 milhões) para manter em funcionamento os hospitais universitários.
Apesar disso, planejada com um mês de antecedência, no dia 23 de abril houveram marchas pacíficas em toda a Argentina, organizadas pelos idealizadores e participantes. Em Buenos Aires, as manifestações concentraram-se em 13
quarteirões, entre o edifício do Congresso e a sede do Executivo, a Casa Rosada. De acordo com a Universidade de Buenos Aires, estiveram presentes mais de 800 mil pessoas, entre estudantes, professores, sindicatos e partidos políticos.
As manifestações se deram por uma cobrança justa, com o objetivo de rever o orçamento das universidades. Ao contrário do Brasil, onde infelizmente muitas universidades públicas entram em greve, na Argentina isso não ocorre. Neste ponto, é válido afirmar que o direito às manifestações é inerente ao cidadão e que culturalmente na Argentina, elas são muito fortes, onde uma grande parte da sociedade, vê, e não é para menos, esperança em seus atos em conjunto em prol de melhorias no país.
Através dessas manifestações, é possível observarmos uma sociedade engajada que enxerga na educação uma rota para o progresso nacional. Dessa forma, acredito que a educação argentina continuará o seu protagonismo, com suas grandes universidades, tradicionais e respeitadas em todo o mundo.
*Juliana Wisnievski da Cunha possui mais de 25 anos de experiência em turismo internacional, é especializada em idiomas e fundadora e CEO da EducAR Intercâmbios, agência de intercâmbio com sedes em Porto Alegre, São Paulo e Buenos Aires com mais de 18 anos de existência e voltada para graduação de medicina.
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SIMONE MARIA BERTELLI MAEJI
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