*Por Matthias Schupp
Aceleração, automatização e digitalização. Essas palavras iniciam um amplo debate quando consideramos conceitos como sustentabilidade, humanização e inclusão, especialmente no contexto industrial. Unificar esses pontos em um setor que passa por avanços significativos, com novos cenários desenhados na velocidade de um piscar de olhos, é visto como um desafio que vem se mostrando um divisor de águas. Quem acompanha de perto essa realidade percebe que estamos diante de um momento que pode modificar por completo os processos industriais e seus impactos na sociedade como um todo.
Esse novo momento tem nome: Indústria 5.0. E os números que ela traz já mostram a magnitude de uma nova revolução. Um estudo da Research Nester apontou que, até o final de 2036, o mercado da Indústria 5.0 atingirá US$ 866 bilhões, com crescimento médio anual de 20% de 2024 a 2036, mostrando que ela veio para movimentar o setor. A lista das inovações que puxam esse movimento é longa e traz tecnologias como cobots (robôs colaborativos), computação quântica, manufatura aditiva, edge computing e dark analytics. Iniciativas que colocam a automação, o desenvolvimento de novos materiais, o armazenamento e a análise de dados e a produção inteligente em patamares talvez antes impensáveis.
A surpresa para muitos é que esse desdobramento natural da Indústria 4.0 – que já trazia um vasto sistema de tecnologias avançadas, como o armazenamento em nuvem, a robótica e, mais recentemente, a inteligência artificial (IA) – coloca máquinas e humanos mais próximos do que poderíamos imaginar.
Desde 2011, temos vivenciado diariamente as transformações trazidas pela Indústria 4.0, que ainda predomina no cenário atual com inovações que geram impactos positivos no setor industrial, mas também apresentam desafios, como a necessidade de entender cada vez melhor o papel da mão de obra humana nos processos. O debate se a IA vai substituir os trabalhadores é amplo e divide opiniões, sem ainda oferecer uma resposta definitiva.
De fato, muitas tarefas ainda não podem ser automatizadas e outras tantas serão criadas. Ou seja, o ser humano não será substituído nem pela tecnologia, nem pela digitalização, mas sim por quem sabe usá-las e sabe que será essencial repensar nosso papel. É o que mostram os inúmeros cursos de formação que têm surgido no mercado e que capacitam os trabalhadores na gestão dos sistemas inteligentes, trazendo o olhar humano para as novas demandas da sociedade e das organizações a partir da utilização de tecnologias como Big Data, Inteligência Artificial e IOT (Internet das Coisas).
A Indústria 5.0 está aqui para confirmar isso. Ela se destaca pela percepção de que a tecnologia necessita do humano para operar eficientemente. Uma não substitui a outra; elas se complementam. O foco está na colaboração e no bem-estar dos trabalhadores industriais no processo de produção. Assim, o desenvolvimento mais recente da revolução industrial minimiza o risco de substituição da força de trabalho pela tecnologia e propõe a Super Smart Society (termo que descreve uma sociedade baseada na conectividade), com 100% de cooperação entre humanos e máquinas.
Enquanto a Indústria 4.0 se concentra na automação e na interconexão, a Indústria 5.0 foca na colaboração mútua entre pessoas e tecnologia, na personalização de produtos e na experiência do cliente. Dessa forma, podemos concluir que o futuro da indústria será híbrido, combinando o humano e o tecnológico para se manter competitiva e inovadora. São novos caminhos para reforçar e repensar conceitos como a otimização dos custos, a rastreabilidade dos produtos e a transparência dos processos cada vez mais inteligentes e integrados.
Ao aplicar essas considerações ao setor industrial da saúde, por exemplo, observamos impactos positivos, especialmente na possibilidade do desenvolvimento de produtos e serviços cada vez mais inovadores e pensados para as necessidades específicas de quem está na ponta da cadeia. É a agilidade e a destreza da tecnologia atuando a partir da observação e do conhecimento de mentes profissionais. Forças que se unem para melhorar a qualidade de vida da população, com iniciativas de prevenção e tratamentos mais avançados dia após dia.
Estamos diante e tendo o privilégio de vivenciar mudanças no setor industrial que representam a busca por um ambiente mais sustentável, humanizado e inclusivo. Transformações que amplificam os debates que envolvem aceleração, automatização e digitalização. Sem dúvida, essa é uma nova revolução com o potencial de transformar o mundo. E precisamos fazer parte dela.
Matthias Schupp é CEO da Neodent e Vice-Presidente Executivo do Grupo Straumann da América Latina
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RHANNA VIANA SAROT
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