O Outubro Rosa é uma das campanhas mais conhecidas no mundo e a cada ano alcança uma participação maior de pessoas, empresas e instituições engajadas em ampliar a conscientização sobre a importância da prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama, segundo tipo mais comum entre as mulheres.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) mostram que o Brasil deve registrar 73,6 mil novos casos de câncer de mama em 2024. Embora seja raro em mulheres com menos de 35 anos, a incidência cresce drasticamente após essa idade, especialmente depois dos 50.
Felizmente, uma parte desses casos pode ser prevenida. O Ministério da Saúde aponta que cerca de 17% dos casos poderiam ser evitados por meio de hábitos de vida saudáveis, como adoção de uma dieta balanceada, prática de atividades físicas e realização de exames de rotina, principalmente a mamografia, indicada anualmente para mulheres a partir dos 40 anos. Este é o exame mais eficaz para o diagnóstico precoce, crucial para aumentar as chances de cura.
O tratamento do câncer de mama varia de acordo com o estágio da doença. Em muitos casos, a mulher precisa se submeter à mastectomia – a cirurgia de remoção de parte ou de toda a mama. É uma intervenção que afeta diretamente a autoestima e a saúde emocional. A reconstrução mamária é uma cirurgia plástica reparadora realizada após a retirada da mama em decorrência do tratamento contra o câncer.
No Brasil, a reconstrução mamária é um direito garantido por lei desde 2013, com a sanção da lei 12.802. Essa legislação assegura que as mulheres submetidas à mastectomia tenham direito à reconstrução imediata da mama, caso apresentem condições clínicas favoráveis. Além de ser parte integral do tratamento contra o câncer, a reconstrução é fundamental na recuperação emocional e mental das mulheres. Pesquisas revelam que pacientes que passam pela reconstrução têm menos chance de desenvolver depressão e até de reincidência da doença, devido ao impacto positivo no equilíbrio emocional.
A reconstrução mamária pode ser feita de diferentes maneiras, utilizando próteses, expansores de tecido ou até tecido retirado de outras partes do corpo da própria paciente.
O ideal é que a cirurgia reconstrutiva ocorra logo após a mastectomia, desde que o quadro clínico permita. Em alguns casos, o cirurgião plástico acompanha o procedimento de retirada do tumor, buscando preservar ao máximo a mama, o que facilita a reconstrução.
Um tumor detectado no início tem até 90% de chance de cura, muitas vezes sem a necessidade de remover a mama. Isso reforça a importância de cuidar da saúde e de manter os exames em dia.
No mês do Outubro Rosa, além de se engajar em campanhas de conscientização, vale refletir sobre como podemos, como sociedade, garantir que cada mulher tenha acesso ao seu direito à saúde e à dignidade, desde o diagnóstico até a recuperação completa. Uma conscientização que deve durar o ano todo.
Samir Eberlin é cirurgião plástico membro titular da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) e especialista em cirurgia plástica pela Associação Médica Brasileira.
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IVONE MOREIRA DA SILVA
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