A preocupação com a qualidade dos alimentos e os impactos ambientais da produção tem transformado o mercado de pescados no Brasil. Nos últimos anos, a piscicultura orgânica ganhou força e vem se consolidando como uma alternativa viável e promissora. Livre do uso de antibióticos, hormônios e rações artificiais, esse modelo de criação atrai consumidores cada vez mais exigentes, principalmente no mercado gourmet, onde a procedência e a sustentabilidade dos ingredientes fazem toda a diferença.
Para José Miguel Saud, especialista em piscicultura sustentável, esse crescimento reflete uma mudança de comportamento na sociedade. Segundo ele, os consumidores estão cada vez mais atentos à origem dos alimentos e dispostos a pagar um pouco mais por um produto diferenciado. “O mercado mudou. As pessoas querem saber como os alimentos são produzidos, se respeitam o meio ambiente e se contribuem para a saúde. No caso dos peixes, a piscicultura orgânica é uma resposta a essa demanda, porque entrega um produto mais saudável e sem os impactos negativos da produção convencional”, explica.
A principal diferença da piscicultura orgânica está no manejo. Os peixes são criados em condições que simulam melhor seu habitat natural, com alimentação balanceada à base de ingredientes orgânicos e livre de substâncias sintéticas. Além disso, a densidade nos tanques ou viveiros é reduzida, garantindo mais espaço para os peixes e evitando o estresse, o que melhora a qualidade da carne. Saud destaca que esse modelo de produção reduz significativamente a necessidade de tratamentos químicos, beneficiando tanto os animais quanto os consumidores. “Quando os peixes são criados com menos estresse, em um ambiente mais limpo e com alimentação adequada, a necessidade de antibióticos praticamente desaparece. Isso resulta em um pescado com sabor mais puro, mais firme e livre de resíduos químicos”, acrescenta.
O setor gastronômico tem sido um dos principais impulsionadores da piscicultura orgânica no Brasil. Restaurantes renomados estão apostando em peixes orgânicos como um diferencial de qualidade. Chefs de cozinha destacam que, além de mais saudáveis, esses peixes apresentam melhor textura e sabor, o que valoriza ainda mais os pratos. Ricardo Menezes, dono de um restaurante especializado em frutos do mar no Rio de Janeiro, explica que a busca por ingredientes sustentáveis se tornou essencial para atender a um público cada vez mais exigente. “Hoje, nossos clientes querem mais do que apenas uma refeição saborosa. Eles querem saber de onde vem o que estão comendo, se o processo de produção respeitou o meio ambiente. O peixe orgânico atende a tudo isso e ainda tem um sabor mais acentuado, o que faz muita diferença na gastronomia”, comenta.
No entanto, apesar do crescimento e das vantagens, a piscicultura orgânica ainda enfrenta desafios no Brasil. A obtenção da certificação orgânica para peixes é um processo rigoroso, que exige uma série de adaptações na criação e altos investimentos por parte dos produtores. Além disso, os custos operacionais são mais elevados do que os da piscicultura convencional, o que pode tornar o preço final do produto menos acessível para o consumidor médio. José Miguel Saud enfatiza que o setor precisa de mais incentivos governamentais para expandir essa forma de produção e torná-la competitiva no mercado. “O Brasil tem um potencial gigantesco para ser um dos líderes mundiais na piscicultura orgânica, mas para isso, os pequenos e médios produtores precisam de mais apoio. Linhas de crédito específicas, assistência técnica e políticas públicas voltadas para o setor são fundamentais para que a produção cresça e se torne acessível a um público maior”, afirma.
Outro ponto que ainda precisa ser superado é a disseminação de informações sobre os benefícios da piscicultura orgânica. Muitos consumidores ainda desconhecem as diferenças entre um peixe convencional e um peixe criado de forma orgânica. Para Saud, é essencial investir em educação alimentar e transparência na cadeia produtiva. “Se as pessoas entenderem os impactos do consumo de peixes criados com antibióticos e rações artificiais, elas vão naturalmente optar por um produto mais saudável e sustentável. O grande desafio é tornar essa informação acessível e mostrar que a piscicultura orgânica não é apenas um luxo gastronômico, mas uma necessidade para o futuro da alimentação”, ressalta.
Apesar dos desafios, a tendência é que a piscicultura orgânica continue crescendo no Brasil e conquistando cada vez mais espaço nos mercados premium e convencionais. Com a valorização de práticas sustentáveis e a exigência de consumidores cada vez mais conscientes, o setor tem tudo para se consolidar como uma alternativa lucrativa e ambientalmente responsável. Para José Miguel Saud, essa evolução é inevitável e representa um avanço necessário para o setor aquícola. “O mundo está mudando, e a maneira como produzimos alimentos precisa mudar junto. A piscicultura orgânica não é apenas uma tendência passageira, é um caminho sem volta. Quem investir agora estará à frente de um mercado que, em poucos anos, será a nova norma da produção sustentável”, conclui.
Com uma combinação de inovação, compromisso ambiental e demanda crescente, a piscicultura orgânica se firma como uma das grandes apostas para o futuro da produção de peixes no Brasil. Seja no prato dos consumidores mais exigentes ou nas iniciativas de pequenos produtores em busca de alternativas mais sustentáveis, esse modelo tem demonstrado que é possível aliar qualidade, sabor e responsabilidade ambiental em um único produto.
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Andreia Souza Pereira
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