Com 26 anos de carreira na televisão, Leonardo Miggiorin sempre aproveitou bem a versatilidade de seus personagens. Em “Beleza Fatal”, novela do streaming Max, que também está sendo exibida pela Band, não é diferente. Na produção, o ator dá vida ao presidiário Rafuda, um líder dentro da cadeia e que está organizando um plano de fuga. Uma participação que acontece justamente nos últimos capítulos da trama é crucial para o desfecho de um dos principais personagens do folhetim de Raphael Montes. “Apareço na última leva de capítulos, estou em quatro ou cinco episódios da reta final”, conta, empolgado.
Apesar da curta participação, o personagem não passa despercebido em “Beleza Fatal”. Dono de um estilo excêntrico e com um plano audacioso para escapar da penitenciária, Rafuda aproveita a presença do ardiloso Rog, papel de Marcelo Serrado e cirurgião plástico famoso, para fazer um pedido inusitado: quer que o Dr. Peitão aplique botox em seu rosto antes da fuga. “Rafuda é um personagem que já entra botando uma banca. Ele tem um convívio naquele universo e acaba influenciando o grupo dele para entrar em ação”, descreve.
A preparação para viver Rafuda exigiu um trabalho minucioso. “A gente teve um estudo de caracterização para esse personagem, uma composição bem diferente das coisas que eu já havia feito. Tudo isso torna esse momento muito especial”, destaca. O processo de imersão foi intenso, apesar de Leonardo ter chegado ao projeto quando a equipe já estava em gravação. “Entrei com o bonde andando, com a locomotiva já na estrada, no trilho. Ainda assim, a gente teve tempo de preparação, especialmente para a caracterização”, detalha.
“Beleza Fatal” é um dos muitos projetos que demonstram como o mercado audiovisual tem se transformado nos últimos anos. Com novelas já sendo produzidas diretamente para o streaming, o ritmo de trabalho e a dinâmica de contratação dos atores também vêm se alterando. “Mas tem muitas semelhanças, até porque o set de gravação não muda, ele é quase igual – ainda mais ali, com tantos colegas de outra época”, compara. Para Leonardo, a principal diferença está na eficiência exigida dos artistas. “Nem sempre dá tempo de você esperar uma preparação. Muitas vezes, você tem de chegar preparado, de chegar já aquecido. Eu quero e preciso trabalhar. E estou pronto”, afirma.
Com uma vasta experiência em novelas, séries e outros projetos de teledramaturgia de diferentes formatos, Leonardo garante que não economiza esforços para se reinventar constantemente. Além da atuação, ele se dedica a projetos no teatro e também à educação. “Hoje, produzo teatro, estou montando meus cursos e trabalho com oficinas”, conta. Seus cursos são voltados à comunicação e ao desenvolvimento pessoal, utilizando o teatro como ferramenta. “Estou levando para Recife, Paraná, Goiânia, estou circulando com essa oficina. Mas minha ideia é entrar também nesse universo dos cursos digitais”, revela ele, que, pelo menos por enquanto, não tem novos projetos para a televisão. “Estou produzindo uma peça nova e também vou dirigir uma peça neste ano. Enfim, são várias possibilidades dentro da nossa profissão”, defende.
“Beleza Fatal” – Max – Exibição também na Band, de segunda a sexta, às 20h30.
Sonho possível
São mais de dez novelas no currículo de Leonardo Miggiorin, desde a estreia, em 1999, como o duende Gafa de “Flora Encantada”, série apresentada como quadro do “Angel Mix”, programa de Angélica na Globo, entre 1999 e 2000. Porém, nenhum vilão até hoje. “Estou fazendo um presidiário, que já chega perto. Mas eu queria a chance de viver um vilão carismático. Ou um psicopata”, entrega ele, que se tornou conhecido quando deu vida ao adolescente Zezinho da minissérie “Presença de Anita”, escrita por Manoel Carlos e exibida originalmente em 2001 pela Globo.
Nessa trajetória, um papel ficou marcado de maneira diferente nas lembranças do ator. Em “Insensato Coração”, em 2011, Leonardo precisou vencer diversos medos em seu processo de construção para interpretar o promotor de eventos Roni. “Por ser gay, me causava calafrio. Eu ficava pensando até que ponto poderia entrar nas questões pessoais do personagem porque, no começo, eu tinha dificuldade de separá-lo da minha própria vida, pela minha sexualidade também. Era um ponto crítico para mim”, assume. Na época, o receio pela exposição era enorme, apesar de sentir um orgulho imenso por participar de um folhetim assinado por Gilberto Braga e Ricardo Linhares. “Foi o personagem que mais me deu medo de me misturar com ele e as pessoas perceberem algo meu tão íntimo”, avalia.
Instantâneas
# Leonardo é formado em Psicologia e também atua como psicodramatista.
# O ator, que tem três trabalhos bíblicos realizados na Record, já pensou em se tornar padre. Porém, acabou optando pelo teatro. “Também é um templo sagrado”, valoriza.
# Capricorniano, Leonardo nasceu em Barbacena, no interior de Minas Gerais, em 17 de janeiro de 1982.
# Fã de programas de culinária, Miggiorin gostaria de ter a chance de participar de um talent-show nesse nicho gastronômico.
LEONARDO MIGGIORIN, o Rafuda de “Beleza Fatal”, da Max e da Band, por Márcio Maio | TV Press