O câncer de pele é uma das doenças mais comuns no Brasil, com estimativas de aproximadamente 220 mil novos casos anuais de tumores do tipo não melanoma, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Apesar de sua alta incidência, as campanhas de conscientização tendem a focar no corpo e no rosto como um todo, deixando a delicada região ao redor dos olhos em segundo plano.
Esta área, composta por uma das camadas cutâneas mais finas do corpo humano, está em contato direto com os raios solares diariamente, mas é frequentemente esquecida na aplicação de protetor solar e no uso de óculos de sol adequados.
Segundo a Dra. Luana de Oliveira, médica oftalmologista, especialista em pálpebras, vias lacrimais e órbitas do Hospital Vista, em Florianópolis, a negligência com essa região pode levar ao desenvolvimento de tumores que, em estágios avançados, comprometem a visão e a saúde geral.
Por que a área ao redor dos olhos é tão vulnerável?
A vulnerabilidade da pele periocular está ligada a dois fatores principais: sua estrutura delicada e a exposição contínua aos raios ultravioleta (UV). “Muitas pessoas acreditam que os óculos escuros são apenas acessórios, mas eles são muito importantes para a proteção dos olhos e das áreas adjacentes contra a radiação solar”, explica a Dra.
Além disso, a ausência de proteção específica — como o uso de protetor solar próprio para o rosto, incluindo as pálpebras — e a falta de exames preventivos regulares aumentam significativamente o risco de câncer de pele nessa região.
Estudos indicam que 10% dos casos de carcinoma basocelular, o tipo mais comum de câncer de pele, ocorrem na área periocular. Embora este tumor raramente se espalhe para outras partes do corpo, sua evolução local pode ser altamente destrutiva, levando à deformação da face e comprometendo funções oculares essenciais.
Sinais de alerta: o que observar?
Manchas ou lesões ao redor dos olhos, muitas vezes vistas como inofensivas, podem ser os primeiros indícios de um tumor. É essencial reconhecer os sinais precoces. Entre os mais frequentes, o oftalmologista destaca:
Feridas que não cicatrizam: Lesões que persistem por mais de quatro semanas devem ser investigadas.
Nódulos ou protuberâncias: Pequenas elevações, especialmente com bordas brilhantes ou peroladas, são comuns no carcinoma basocelular.
Mudanças pigmentares: Manchas escuras com bordas irregulares podem ser um indício de melanoma, o tipo mais agressivo de câncer de pele.
Alterações estruturais: Inchaço, descamação ou assimetria nas pálpebras são sinais importantes que não devem ser ignorados.
A importância do diagnóstico precoce
Um dos maiores desafios no combate ao câncer de pele periocular é a identificação tardia das lesões. Segundo a Dra. Luana, “diagnósticos feitos em estágios iniciais possibilitam tratamentos menos invasivos e maiores chances de preservação funcional e estética”.
O tratamento do câncer de pele na área dos olhos geralmente envolve a remoção cirúrgica da lesão. Em casos avançados, pode ser necessária uma abordagem mais extensa, incluindo reconstrução facial e enxertos de pele.
Prevenção: medidas simples, mas eficazes
A prevenção é sempre o melhor caminho. Algumas práticas podem reduzir significativamente os riscos:
Proteção solar adequada: Use protetor solar próprio para a área dos olhos e aplique-o regularmente.
Óculos de sol com proteção UV: Prefira modelos que bloqueiem raios UVA e UVB, garantindo uma cobertura eficiente da região periocular.
Evite exposição prolongada ao sol: Especialmente entre 10h e 16h, quando a radiação é mais intensa.
Consulte especialistas regularmente: Realize consultas preventivas com dermatologistas e oftalmologistas para avaliações de rotina.
O câncer de pele na região dos olhos é uma ameaça silenciosa que exige mais atenção. A negligência com os sinais iniciais pode levar a complicações graves, mas a combinação de medidas preventivas, atenção aos sintomas e diagnóstico precoce pode salvar vidas e preservar a qualidade de vida.
Como bem lembra a oftalmologista, “cuidar da região ao redor dos olhos não é apenas uma questão de estética, mas uma forma de preservar algo muito mais valioso: a saúde e a visão”.
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FABIANA HENRIQUE
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