A fusão entre as gigantes Petz e Cobasi tem provocado inquietação num mercado onde os pequenos negócios – a alma do setor pet – já lutam para manter seu espaço. A contestação da PetLove junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) aponta para um cenário onde a concentração de poder não só estreita as opções para os consumidores, mas também sufoca a diversidade e a rentabilidade dos empreendedores locais.
“A concorrência com uma gigante reduziria ainda mais as nossas opções para captar clientes, além de permitir que esta nova companhia imponha preços finais. Sem dúvida, a fusão prejudicará a rentabilidade dos pequenos lojistas e, por consequência, as vantagens para um mercado sadio para o consumidor final”, avalia Bianca Souza, que há mais de 10 anos vive e respira o segmento pet. Como proprietária da Foster Pet Place, um pequeno negócio localizado em Blumenau (SC), ela alerta que em meio a essa transformação, o risco não se restringe apenas à venda de produtos: serviços essenciais como banho e tosa e atendimentos veterinários também estariam na berlinda. A nova companhia, ao explorar sua escala, correria o risco de espremer até mesmo os últimos sopros de rentabilidade desses serviços, marcando o fim de margens saudáveis para os pequenos.
Embora o setor pet brasileiro seja majoritariamente composto por pequenos, médios e microempreendedores, a análise sobre a concentração e o poder de compra para formação de estoque precisa levar em conta as especificidades dos negócios. “Não há outras empresas no Brasil com o mesmo porte da Petz e da Cobasi. A fusão, ao concentrar esse poder, pode desestabilizar o equilíbrio do setor, prejudicando tanto os lojistas quanto os consumidores que, no fim, terão menos opções e personalização”, conclui Bianca, alinhando-se com os argumentos apresentados pela PetLove na contestação ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica.
Atualmente, conforme dados do Sebrae, existem quase 230 mil empresas que atuam neste setor que deve movimentar R$ 77 bilhões em 2025 no Brasil. Porém, cerca de 60% destes negócios são de Microempreendedores Individuais (MEI’s), que possuem o faturamento anual limitado a R$ 81 mil e podem empregar apenas um colaborador. Informações levantadas pelo Instituto Pet Brasil (IPB), em conjunto com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), apontam que a união de Petz e Cobasi representa um faturamento anual superior a R$ 7 bilhões, algo próximo dos 10% do total movimentado por este mercado.
Bianca também explica que, ao observar os números de vendas on-line, a força desta nova companhia fica ainda mais evidente. Conforme dados de 2024, apurados pela IPB e Abinpet, pequenos e médios pet shops faturaram R$ 1,2 bilhão na soma de todos os canais de vendas. Esse valor é superado pelas vendas online da combinação de Petz e Cobasi. As duas gigantes, unidas, teriam ultrapassado R$ 1,5 bilhão nos 12 meses do último ano.
Em meio a esse turbilhão, os pequenos negócios têm buscado alternativas inovadoras e diferenciadas para resistir à maré da concentração. A Bianca comenta que a estratégia adotada pela Foster Pet Place, por exemplo, para encarar esta nova realidade do mercado pet e ficar preparada para a possível fusão das concorrentes é de valorizar os produtos locais, especialmente aqueles feitos artesanalmente. Pequenos fabricantes reúnem mais facilidades para ofertar volumes menores para cada lojista, além de incluírem uma seleção mais apurada de cada item que desenvolvem. Facilitando o sortimento das lojas menores.
Nesse contexto, iniciativas como a da Foster Pet Place emergem com vigor e personalidade. Em um mercado cada vez mais competitivo, ser a praça de encontro dos apaixonados por animais é uma ideia atraente para os tutores e seus patudinhos. A Foster está localizada bem no coração de Blumenau, ocupando uma galeria que resgata um prédio quase centenário – um verdadeiro patrimônio histórico do município –. O espaço se destaca por um atendimento simples e genuíno, um ambiente colorido e de design diferenciado e, principalmente, uma curadoria de produtos locais que ajuda o tutor a não errar na escolha do que levar para os filhotes pet. Essa aposta na seleção de itens fabricados por artesãos, pequenos e microempreendedores – desde alimentação natural a petiscos e acessórios exclusivos – e na personalização do atendimento, transforma a loja num ambiente de diálogo e aconchego, aproximando o cliente do dia-a-dia da operação.
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TARCISO ANTUNES SOUZA
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