Marcelo Serrado já confabulava a ideia de trabalhar com Raphael Montes há alguns anos. Mas as amarras de um contrato longo com a Globo impediram o ator de integrar o elenco de “Bom Dia, Verônica”, original Netflix, um dos primeiros projetos do aclamado autor de best-sellers para o streaming. Seguindo as novas diretrizes do mercado e sem contrato fixo com a emissora, Serrado não demorou a concretizar seu desejo artístico. Desde janeiro, ele pode ser visto como o antiético Doutor Rog, também conhecido pelo exótico apelido de Doutor Peitão, na trama de “Beleza Fatal”, que está sendo disponibilizada na Max. “Eu era fã dos livros do Raphael. A gente já se namorava há algum tempo. Tive um convite para ‘Bom Dia, Verônica’, mas, na época, eu estava na Globo. A emissora não liberou. Infelizmente. Quando surgiu o convite para ‘Beleza Fatal’, fiquei muito empolgado de cara”, relembra.
De folga dos folhetins desde o fim de “Cara e Coragem”, Serrado rapidamente mergulhou na história criada por Montes. Inicialmente, o ator recebeu os 10 primeiros capítulos do enredo estrelado por Camila Pitanga, Giovanna Antonelli e Camila Queiroz. “Cheguei na segunda fase de escalações. Me enviaram 10 capítulos. Li tudo e, logo depois, estava pedindo mais 10. Não conseguia parar. É um personagem muito complexo e cheio de acontecimentos. É um personagem incrível para se ter nas mãos”, elogia.
Cafona, afetado e dono de um topete chamativo, Rog é um médico medíocre que aumenta suas qualificações no currículo. Amigo de Benjamin, papel de Caio Blat, é também responsável pela morte de Rebeca, de Fernanda Marques, que passa mal durante a cirurgia malsucedida. Casado por interesse com Gisele, de Julia Stockler, ele a humilha em um intenso abuso moral. Rog é tóxico com a esposa da forma clássica, fingindo ter cuidado com sua mulher, falando de forma doce e se colocando como vítima quando possível. “Ele faz esse Gaslighting (abuso psicológico) com a mulher. Sempre preocupado com a beleza e a estética, mas tudo de uma forma cruel. Ele alimenta um transtorno de imagem nela. Mas tudo isso tem uma boa reviravolta. Só não posso adiantar ainda”, despista.
Há quase 40 anos diante das câmeras, Serrado sempre manteve os olhos bem abertos paras as constantes movimentações de mercado. Após anos vivendo como coadjuvante na Globo, o ator participou da retomada dramatúrgica da Record, onde conquistou protagonistas e papéis de destaque. De volta à Globo em 2011 com novo status, o ator não ficou limitado apenas aos folhetins, encabeçando projetos próprios e se arriscando na apresentação. “As coisas vão se transformando. Esse projeto rapidamente encheu meus olhos. O Rapha é um autor incrível. A gente pode ter um elenco estrelar, mas sem um bom texto não se vai a lugar nenhum. Não funciona”, explica.
“Beleza Fatal” – Max – Cinco capítulos disponibilizados semanalmente.
Roda de amigos
O projeto de “Beleza Fatal” apresentou um universo novo e um método inédito de trabalho para Marcelo Serrado. Nos estúdios, porém, o ator estava cercado de antigos colegas da Globo, como foi o caso de Camila Pitanga, que vive a ambiciosa Lola. “Ela já tinha feito minha esposa em ‘Velho Chico’. Acho uma potência de atriz. Já sabia o que vinha dela, sabe?”, elogia.
Ao longo dos 40 capítulos do folhetim original Max, Serrado também divide boa parte de suas cenas com Caio Blat. O ator também integra o projeto como assistente de direção, tendo conduzido o trabalho em alguns momentos no set. “Ele era incrível. Mesmo quando ele não estava em cena, ele ficava para assistir e a gente trocava muito. Ele foi muito generoso comigo ao longo do processo”, valoriza.
Instantâneas
# Em algumas cenas de “Beleza Fatal”, Marcelo Serrado ainda aparecerá cantando. “Após o 10º capítulo, a novela vira quase um musical (risos)”, brinca.
# Serrado também pode ser visto na série “O Jogo que Mudou a História”, que está disponível no Globoplay.
# O ator é casado com a bailarina Roberta Fernandes.
# Serrado chegou a integrar o elenco da série “Cidade de Deus”, original Max, mas, por questões de agenda, deixou a produção.
MARCELO SERRADO, o Rog de “Beleza Fatal”, da max, por Caroline Borges | TV Press