Uma cena de pura emoção tomou conta da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Riacho Fundo II nesta semana. O paciente José Carlos Barbosa de Medeiros, de 62 anos, que está internado desde dezembro de 2024, teve um pedido especial atendido pela equipe da unidade: rever seus dois cachorros, Pingo e Piaba. O reencontro foi marcado por lágrimas, sorrisos e abraços emocionados, mostrando a força do vínculo entre o ser humano e seus animais de estimação.
José Carlos enfrenta uma dura jornada. Internado inicialmente por crises hipertensivas, pneumonia, sequelas de um acidente vascular cerebral (AVC) e perda de força nos membros inferiores, o que o deixou acamado e dependente de cuidados diários. Desde que sua esposa, Zilda de Medeiros, foi diagnosticada como incapaz de cuidar dele em casa, ele aguarda uma vaga em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI).
Apesar do acolhimento da equipe e da compreensão de que a UPA é o lugar mais seguro para ele no momento, o paciente demonstra ansiedade. “Eu fico muito agradecido pelo cuidado que estou recebendo, mas minha saudade de casa e, principalmente, dos meus cachorros, é difícil de suportar”, contou.
A saudade de Pingo e Piaba, a quem ele chama carinhosamente de “meus filhos”, era tanta que José Carlos pediu à equipe para vê-los novamente. Sensibilizada com o desejo do paciente, a gerente da unidade, Carolina Corrêa Gomes, autorizou a visita, garantindo que todos os cuidados hospitalares e normas de segurança fossem respeitados. “Humanizar o atendimento vai além do cuidado clínico. É entender o que realmente importa para o paciente e buscar, dentro do possível, atender a esses pedidos. Quando o Sr. José falou dos cachorros, sabíamos que aquele reencontro faria toda a diferença para ele”, explicou Carolina.
Dona Zilda, com a ajuda de uma amiga, trouxe os cães até a unidade. O reencontro ocorreu em uma área externa à sala de atendimento, para preservar o ambiente hospitalar. Quando viu Pingo e Piaba, o rosto de José Carlos se iluminou. Ele segurou os animais com força, chorou e confessou o quanto esperava por aquele momento. “Eu só queria ir embora com eles. Eles são a minha família”, disse ele, com a voz embargada.
A equipe da UPA também se comoveu com a cena. “Foi uma experiência única. O Sr. José ficou mais calmo e feliz depois da visita. Ficamos muito felizes em proporcionar isso para ele”, contou um dos profissionais da unidade.
A gerente reforça a importância de momentos como esse: “Não é apenas sobre tratar doenças; é sobre cuidar de pessoas e suas histórias. Atender a esse pedido foi um lembrete de que a saúde emocional também é parte fundamental da recuperação.” Enquanto aguarda uma solução definitiva para sua transferência, José Carlos encontrou, no abraço de Pingo e Piaba, um alívio para a saudade e um pouco de esperança para enfrentar os próximos dias.
Essa iniciativa reflete os princípios do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (IgesDF), que busca humanizar o atendimento e colocar o bem-estar integral dos pacientes no centro das ações.
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Pollyana Cabral Porto
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