A plataforma “Estiagem na região amazônica”, lançada pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), já está disponível para acesso e permite o acompanhamento da seca na região amazônica em tempo real, com dados de cotas e vazões mínimas, ou seja, o volume de água nos rios.
O pesquisador de geociências do SBG André Martinelli Santos explica que a nova plataforma de monitoramento está no âmbito do sistema de alerta hidrológico, um programa que existe há cerca de dez anos e que a empresa vem ampliando. “Por conta desse momento de crise hídrica na região, um evento extremo de estiagem, o serviço geológico do Brasil resolveu intensificar o nível de informação tanto em qualidade quanto em quantidade”, informa.
A nova plataforma disponibiliza informações sobre medições realizadas em todas as estações da Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN), gerenciadas pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e operadas pelo SGB.
O pesquisador destaca que a plataforma conta com uma forma de previsão para algumas estações. “Esse foi o principal ganho, porque além de pontuar e fazer a informação de onde estão ocorrendo, em que magnitude está ocorrendo aquele evento hidrológico crítico, a gente vem informando nos boletins de monitoramento uma previsão aí de quando que isso terminaria”, explica.
Além disso, é possível ver número de vazões mínimas históricas registradas desde o início do monitoramento especial para a região amazônica. Em outubro de 2023, o Rio Negro registrou o menor nível em 121 anos. O Rio voltou a subir e registrou a cota de 12,94 nesta terça-feira (31). O menor número registrado foi de 12,70, na última sexta-feira (27).
São cerca de 70 pontos de monitoramento em Mato Grosso, Acre, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima. Até o momento, há dados sobre as cotas nas seguintes estações:
- Curicuriari (AM)
- Fonte Boa (AM)
- Itacoatiara (AM)
- Itaituba (PA)
- Manacapuru (AM)
- Manaus (MA)
- Moura (AM)
- Óbidos (PA)
- Porto Velho (RO)
- Santarém (PA)
- Serrinha (AM)
De acordo com Santos, o plano é ampliar o serviço para incluir outras estações relevantes para o setor de navegação. “O evento que ocorreu aqui no Amazonas ensinou e desenvolveu uma metodologia que pode tranquilamente ser aplicada ou adaptada para outras regiões do Brasil, quando ocorrer o momento de crise similar a esse.”
Santos ainda aponta que a estiagem no Norte é diferente da que vem ocorrendo na região Nordeste, e por isso, a metodologias e soluções para o problema são diferentes.
“Para o Nordeste são soluções diferentes que envolvem até outras áreas da geociências. Certamente serviços biológicos do Brasil têm avançado tanto em pesquisa quanto em inovação. O serviço geológico está avançando e já oferece produtos focados para o Nordeste”, completa.
Previsão do tempo
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão do tempo para o Amazonas é de muitas nuvens com possibilidade de chuva isolada até este sábado (4). Apesar disso, o meteorologista do Inmet Olívio Bahia explica que mesmo com a chuva, podem demorar meses para que o estado se recupere da seca.
Leia mais:
AM: nível do rio Negro continua descendo, após maior seca registrada em 121 anos
Estiagem no Amazonas: 10 cidades recebem quase R$ 12 milhões para atendimento à população