A Escola Estadual de Tempo Integral Dr. José Fernandes de Melo, em Pau dos Ferros (RN), vem promovendo, desde 2017, um projeto inspirador de iniciação científica chamado “Redescobrindo a Caatinga”, que incentiva os estudantes a desenvolverem suas próprias pesquisas e soluções tecnológicas. Neste ano, a iniciativa já conta com 13 trabalhos desenvolvidos, três dos quais foram selecionados para a XIV Feira de Ciências do Semiárido Potiguar. Entre eles: 1. Capacete sustentável e automatizado: tecnologia para prevenir cochilos em motociclistas; 2. Prótese sustentável: uma alternativa de locomoção para cavalos com canela amputada; 3. Um aplicativo para auxiliar novos estudantes a se adaptarem ao Ensino em Tempo Integral.
Os estudantes do projeto também participaram da 1ª Olimpíada da Universidade Federal Rural do Semiárido, e na Mostra Brasileira de Foguetes – MOBFOG, reforçando o papel da escola no fomento à educação científica de forma prática e colaborativa. Durante as atividades, os jovens passaram por diversas etapas do método científico, desde a formulação de hipóteses até a aplicação dos conhecimentos em seus projetos.
A professora Jacicleuma de Oliveira Lima, responsável pela coordenação dos projetos, destaca o impacto transformador da iniciativa para os estudantes e suas perspectivas de futuro. “Nosso objetivo é que cada aluno sinta que faz parte de algo maior, que suas ideias têm valor e que a ciência está ao alcance deles, mesmo sendo de uma região com poucos recursos. Buscamos envolver os alunos em todas as fases da pesquisa, desde o levantamento de questões até a execução e análise dos resultados. Esse processo promove uma autonomia e visão crítica essenciais para que eles se tornem protagonistas não apenas no ambiente escolar, mas também em suas vidas pessoais e profissionais”, explica.
Ela acrescenta: “É inspirador ver como esses jovens, muitos dos quais nunca tinham tido contato com iniciativas científicas, se dedicam a criar soluções reais para os problemas locais, usando materiais sustentáveis e pensando na aplicação prática de cada tecnologia desenvolvida. São experiências que moldam o caráter e a visão de mundo dos nossos estudantes, preparando-os para serem agentes de mudança e inovadores em suas próprias comunidades”.
Ciência e protagonismo em ação
De acordo com o estudante Humberto de Sousa, a participação no programa deu a chance de explorar temas ligados à sustentabilidade. “A ideia de desenvolver algo prático, como uma prótese para equinos, me deu uma experiência única para entender as fases da pesquisa e realmente aplicar na prática o que aprendemos em sala de aula”, comenta Humberto.
Outros estudantes aproveitaram a oportunidade para liderar projetos e fortalecer habilidades em áreas como programação e mecânica, como a Lara Lays, que assumiu o papel de líder em sua equipe no projeto RoverXpedição Caatinga.
“Foi uma experiência incrível participar disso tudo. Trabalhei com a parte de mecânica, elétrica e programação do projeto. Aprendi demais e acho que pode inspirar outras meninas a entrarem na área científica. Daqui a pouco, vamos ter uma fase de mentoria em Mossoró (RN), e estou animada para aprender ainda mais,” comenta.
O estudante Francisco Jonathan também compartilha seu entusiasmo com a possibilidade de criar algo que beneficie outros estudantes. Ele e sua equipe desenvolveram um protótipo de aplicativo destinado a auxiliar alunos do Ensino Médio em Tempo Integral na organização de sua rotina escolar.
“Criamos o aplicativo pensando em ajudar novos alunos e colegas a se adaptarem. A rotina do Ensino Médio Integral é bem intensa, com várias disciplinas e atividades ao longo do dia. Ter um lugar onde o estudante pode organizar tudo – horários, tarefas, prazos – faz muita diferença. Esse processo de desenvolvimento mostrou para a gente como nossas ideias podem realmente fazer a diferença no dia a dia das pessoas, e abriu nossos olhos para o impacto que a tecnologia pode ter no nosso futuro,” conta Francisco, cuja equipe foi selecionada para a Feira de Ciências do Semiárido Potiguar.
Iniciativas de impacto
A gestão da escola, representada pelo professor Daniel Joca do Nascimento, reflete que outras iniciativas de impacto, como a Jornada de Foguetes e o projeto “Meninas no Espaço”, vêm reduzindo a desigualdade de gênero e incentivando o interesse das estudantes em áreas técnicas e aeroespaciais.
Segundo Daniel, por meio dos componentes pedagógicos diversificados do Ensino Médio Integral, a escola tem demonstrado que a pesquisa científica pode ser uma poderosa ferramenta para a formação de jovens líderes, com projetos que ultrapassam os limites da sala de aula e alcançam exposições e feiras científicas em nível nacional.
Escola premiada
Todos os anos, a Escola Estadual de Tempo Integral Dr. José Fernandes de Melo recebe credenciais para apresentar os projetos científicos em feiras de engenharia, como a FEBRACE – Feira Brasileira de Ciências e Engenharia em SP; MILSET BRASIL em Fortaleza-CE e FEMIC – Feira Mineira de Iniciação Científica. Um dos projetos premiados foi o “Saburâmica”, uma alternativa ecológica para a fabricação de um revestimento sustentável que foi destaque em 2018. Além disso, a Escola já recebeu o prêmio de “Melhor escola pública da cidade” em 2021 e 2022.
Sobre o Ensino Médio Integral
O Ensino Médio Integral é uma proposta pedagógica multidimensional, moderna, nacional, pública e gratuita. A partir de um modelo de ensino que se conecta à realidade dos jovens e ao desenvolvimento de suas competências cognitivas e socioemocionais, propõe a formação integral dos estudantes. Trabalha pilares como projeto de vida, aprendizado na prática, tutoria, protagonismo juvenil, acolhimento, orientação de estudos e eletivas, que promovem a formação completa do estudante, junto aos componentes curriculares já previstos na BNCC. Está presente em cerca de 6 mil escolas em todo o país, beneficiando mais de 1 milhão de estudantes.
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VANESSA MIRANDA MENEZES
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