Os projetos propostos pelo novo governo norte-americano para os próximos anos reacenderam um debate fundamental sobre o futuro da tecnologia e da exploração aeroespacial. Em discussão estão duas abordagens estratégicas distintas: o Projeto Artemis, da NASA, que visa levar o homem de volta à Lua, e o Projeto Marte, do setor privado, que tem como objetivo iniciar a colonização do planeta vermelho.
A diferença entre os projetos vai além da disputa orçamentária; ela também reflete filosofias distintas. Enquanto os programas governamentais seguem uma abordagem mais cautelosa e gradual, o setor privado tende a assumir riscos mais elevados para acelerar o avanço tecnológico. Independentemente do caminho escolhido, ambos dependerão fortemente da inteligência artificial (IA), que terá um papel central na tomada de decisões durante os voos e na gestão dos sistemas vitais das espaçonaves.
Frequente é a afirmação de que a missão Apollo 11 utilizava um computador “menos potente que uma calculadora moderna”. De fato, as naves Apollo eram equipadas com o Apollo Guidance Computer (AGC), que possuía um processador de 2,048 MHz, 64 KB de memória RAM e 72 KB de memória ROM. Em comparação, uma calculadora HP Prime possui 32 MB de memória RAM e 256 MB de armazenamento, sendo 64 MB dedicados ao sistema operacional.
Contudo, o AGC foi uma proeza da engenharia, projetado especificamente para as demandas do voo espacial. Ele pesava apenas 32 quilos, enquanto seu contemporâneo, o IBM 1401, utilizado em aplicações terrestres, chegava a 2.500 quilos. Apesar de alguns problemas durante a alunissagem, o sistema cumpriu sua função com excelência.
O papel da IA na nova corrida espacial
Hoje, a inteligência artificial desempenha um papel fundamental em diversas etapas das missões espaciais, desde o planejamento até a execução. Por meio de simulações digitais, ela auxilia no desenvolvimento de novos materiais, aprimora o cálculo do consumo de combustível e otimiza o design estrutural e aerodinâmico das naves, tornando as explorações mais eficientes e seguras.
Além disso, a IA também é amplamente empregada na automação dos processos de manufatura, reduzindo erros e otimizando tempo e custos. Testes são realizados em ambientes digitais, enquanto robôs inteligentes executam tarefas complexas com alta precisão.
Outro uso essencial da IA é a manutenção preditiva, que monitora continuamente o desempenho dos componentes e antecipa falhas antes que ocorram. Durante as missões espaciais, a IA será indispensável na análise de dados, monitorar sistemas vitais e auxiliar a tripulação na tomada de decisões, seja em trajetórias, manobras de acoplamento ou pouso.
Se, nas próximas décadas, avançarmos para a construção de colônias na Lua ou em Marte, entraremos diante de um cenário que, até então, pertencia à ficção científica: o uso da IA na terraformação de novos habitats humanos. Sistemas avançados de inteligência artificial poderão planejar a transformação da superfície e da atmosfera desses planetas para torná-los habitáveis, atuando na análise e modificação do solo, no controle climático e na gestão de recursos naturais.
Ainda estamos distantes dessa realidade, mas foi graças aos sonhos de visionários que a humanidade saiu das savanas africanas e chegou à Lua. À medida que a tecnologia continua a evoluir, a inteligência artificial se consolida como peça-chave na próxima grande jornada da exploração espacial.
*Fabricio Visibeli possui mais de 20 anos de experiência no setor de tecnologia, atuando em bancos, consultoria, varejo e telecomunicações. Com experiência em gerenciamento de equipes e métodos de trabalho globais adquiridos na Espanha, é formado em Ciência da Computação pela FEI, com pós-graduação em Gestão de Projetos de TI pela USP e especialização em Liderança na Inovação pelo MIT. Atualmente, é sócio-diretor na CBYK, desenvolvedora de software e soluções personalizadas de TI.
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Thalita Tartarelli do Nascimento
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