*Por Ana Calçado
Globalmente, a inovação tem sido fundamental para resolver uma variedade de problemas complexos, desde questões de saúde e segurança até sustentabilidade. Nesse cenário, as deep techs, tecnologias de ponta baseadas em descobertas científicas, têm sido a chave para a criação de novas soluções.
Além disso, as deep techs têm sido responsáveis por promover mudanças importantes no ecossistema empreendedor, possibilitando a transformação de ideias em benefícios concretos para a população. Na prática, podemos observar os benefícios do uso dessas tecnologias avançadas na criação de vacinas complexas, aprimoramento de diagnósticos, avanços agrícolas, uso de inteligência artificial, IoT e muitas outras áreas.
Mas para que as deep techs consigam se desenvolver, é necessário um novo tipo de ecossistema com características favoráveis, como a colaboração multi-atores com players do setor público e privado. Aqui, estão envolvidas tanto startups e universidades, quanto grandes empresas e o próprio governo, pois essa diversidade enriquece o ambiente de inovações, ampliando o acesso a capacidades e infraestruturas favoráveis ao progresso dessas tecnologias. Porém, é necessário que a relação entre esses atores seja bem articulada e alinhada, todos precisam ter objetivos sinergéticos em mente, promovendo um ambiente de colaboração, unindo oportunidade, expertise e agilidade.
A inovação em rede permite atuar em desafios importantes para a geração destas soluções inovadoras. Por exemplo, apesar do crescente investimento em deep techs, o tradicional modelo de venture capital não tem se mostrado compatível com o objetivo desses negócios. Em parte isso ocorre porque o tempo de retorno esperado do investimento não é conciliável com o desenvolvimento desses negócios. Além disso, a ausência de expertise técnica entre os investidores para avaliar o risco tecnológico desses empreendimentos também tende a direcionar o capital para tecnologias mais consolidadas no mercado.
Neste campo, a colaboração tem se mostrado importante na inovação em instrumentos financeiros, na diversidade de fontes de capital e de perfil de investidores desses negócios, pois são empreendimentos que demandam uma variedade de abordagens para atender às necessidades específicas do estágio em que a solução se encontra. Assim, a inovação em rede promove a diversidade, o acesso a recursos compartilhados, e a viabilidade das soluções.
Por fim, não tenho dúvidas que a inovação é o caminho para o progresso, especialmente quando desenvolvida em rede, prática que tem transformado o ecossistema das startups e a maneira como operam. Graças a esse ambiente, que une múltiplos atores, podemos observar a colaboração e o compartilhamento de conhecimentos e recursos entre diferentes setores e segmentos, trabalhando em prol de objetivos comuns, com soluções avançadas que beneficiam toda a sociedade.
*Ana Calçado é CEO e presidente da Wylinka, organização sem fins lucrativos que transforma o conhecimento científico em soluções e negócios que melhoram o dia a dia das pessoas e fomentam o desenvolvimento econômico, social e sustentável do Brasil. Pós graduada em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral, com estudos de pós graduação em Inovação pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT – professional education), mestre em Ciências de Alimentos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e graduada em Bioquímica pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Ana também é doutoranda pela USP em Administração e pesquisadora em Inovação e Gestão Tecnológica.
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Gabriela Calencautcy
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