A inflação no Brasil tem sido um tema constante nas notícias, debates políticos e nas conversas do dia a dia. Recentemente, produtos como café, carne e ovos foram significativamente impactados, com aumentos de preços que não se devem apenas à demanda interna. As exportações brasileiras de commodities, como carne bovina, tiveram um aumento expressivo, e a valorização do dólar no mercado internacional pressionou os preços para cima no mercado interno.
Para tentar conter a inflação dos alimentos, o Governo Federal anunciou a isenção de impostos de importação para produtos da cesta básica, incluindo carne, café, milho, azeite de oliva, entre outros. Essa medida visa aumentar a oferta desses produtos no mercado interno, reduzindo seus preços e aliviando o impacto da inflação sobre os consumidores. No entanto, essas mudanças levam tempo para se adaptar e os efeitos podem ser paliativos ou de curta duração. Mecanismos de controle de preços de mercado devem operar além dos modelos meramente abstratos e normativos, havendo a necessidade de órgãos reguladores, de controle e intervenção, como a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).
A CONAB foi desativada em 2019, com o fechamento de 27 armazéns, para dar lugar a uma agência focada no agronegócio exportador, enfraquecendo a agricultura familiar e o controle de preços. Com a alta recente dos alimentos e a baixa capacidade de resposta da agricultura familiar, o órgão foi reativado em 2025, recebendo até R$ 539 milhões para recompor estoques reguladores e apoiar produtores com crédito subsidiado. Sua retomada fortalece a segurança alimentar, estabiliza preços e protege consumidores e agricultores.
A reativação da CONAB, com um aporte significativo de recursos, é uma medida crucial para mitigar a inflação de alimentos e garantir a segurança alimentar no Brasil. A formação de estoques reguladores ajuda a equilibrar a oferta e a demanda, reduzindo as flutuações de preços e protegendo tanto os consumidores quanto os agricultores. Com a CONAB fortalecida, espera-se que o Brasil consiga enfrentar os desafios inflacionários de maneira mais eficaz, garantindo a estabilidade dos preços e a disponibilidade de alimentos para a população.
Como a inflação resulta de dinâmicas do livre mercado, mas afeta amplamente o interesse público, e soluções espontâneas não surgem do próprio agente causador, são necessárias intervenções e mecanismos de controle da produção, distribuição e consumo para corrigir falhas de mercado. A lógica do mercado não considera o bem comum, pois indivíduos e empresas buscam ganhos imediatos, embora esses próprios ganhos sejam prejudicados pelos efeitos negativos da inflação.
* Marcos José Valle é bacharel em Ciências Econômicas, Doutor em Sociologia. É professor dos cursos de graduação em gestão, comunicação e negócios do Centro Universitário Internacional Uninter.
Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
JULIA CRISTINA ALVES ESTEVAM
julia@nqm.com.br