Na próxima quarta (29), o Copom – Comitê de Política Monetária do Banco Central divulga comunicado em que anuncia a decisão sobre a taxa Selic. A expectativa do mercado é que a taxa básica de juros aumente em 1 ponto percentual. Atualmente, a taxa Selic está em 12,25% ao ano, após quatro aumentos seguidos, e deve passar a 13,25%. No ranking de juros reais no mundo, o Brasil já está em segundo lugar.
Para Marcelo Bolzan, estrategista de investimentos e sócio da The Hill Capital, o cenário de aumento de 1% está bem precificado muito em função da última reunião do Copom em que isso já foi sinalizado em comunicado. “Os dados mais recentes de inflação estão vindo piores na margem, o núcleo de serviços também. Estamos vendo piora das expectativas de inflação e, com isso, todo mundo está precificando juros mais altos lá na frente. Em março, devemos ter um aumento de mais 1 ponto percentual e depois mais dois aumentos de 0,5% cada, chegando em 15,25% e ficando estável”, explica o especialista.
Nesse cenário, Ana Paula Carvalho, planejadora financeira e sócia da AVG Capital, acredita que ativos ligados ao IPCA ainda são interessantes, especialmente para prazos mais longos. “A proteção contra a inflação continua sendo um atrativo, na minha visão, principalmente quando as taxas oferecidas nos títulos do governo estão em níveis acima de 7% ao ano. Isso proporciona ao investidor não só a proteção da variação da inflação, mas também um retorno real consistente ao longo do tempo. Para quem busca mais segurança, títulos atrelados ao IPCA tendem a ser uma escolha mais coerente”, diz.
Já os ativos prefixados, nesse momento, segundo a especialista, são uma escolha mais arriscada. “A expectativa de alta da Selic e o cenário de inflação ainda elevado tornam esses ativos mais vulneráveis. Minha recomendação seria limitar a exposição a 2,5% da carteira para clientes com perfil arrojado e evitar para perfis conservadores, dada a volatilidade que esse tipo de ativo pode apresentar”, comenta.
Carolina Bohnert, especialista em investimentos e sócia da The Hill Capital, acredita que vale o investidor alocar em investimentos pós-fixados. “Com a tendência de elevação de juros, os ativos que mais se beneficiam neste cenário, na minha visão, são os ativos pós-fixados. Os investidores podem acessar esses ativos através do Tesouro Selic, CDB LCA, fundos de investimentos de renda fixa e outros títulos emitidos por empresas”, comenta.
Agora, se o investidor está disposto a assumir mais riscos em busca de maior retorno, o crédito privado pode ser mais adequado. “Se a segurança e a liquidez são as prioridades, penso que o Tesouro Selic é uma escolha mais prudente”, complementa Carolina.
Josias Bento, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, acredita que, para quem tem um horizonte mais longo, os ativos IPCA+ podem ser uma boa solução para quem vai investir entre 5 e 10 anos. “É importante levar o título até o vencimento, pois vai sofrer com as marcações à mercado no período”, diz. Segundo ele, o prefixado para 2027 também está bem atrativo em termos de taxa, que deve subir mais, e os IPCA+ para 2035 e 2045 são outra boa oportunidade de alocação.
Para quem quer investir na bolsa, Marcelo Bolzan, da The Hill Capital, destaca a preferência por empresas que tenham receita em dólar como Weg, JBS e Suzano, além de papeis que vão trazer bons dividendos ao longo do ano como Petrobras e Itaú. “Outras boas oportunidades estão em empresas que repassam o custo da inflação para o consumidor final como Sabesp e Eletrobras”, diz.
Já se o objetivo é investir nos EUA, Jeff Patzlaff, Planejador Financeiro CFP®, indica aos investidores considerarem ativos internacionais que ofereçam proteção contra a volatilidade e oportunidades de crescimento, como os ETFs que replicam o desempenho de mercados desenvolvidos, como o S&P 500 nos EUA ou o STOXX Europe 600 na Europa. “Além disso, setores como tecnologia, saúde e energias renováveis têm mostrado resiliência e potencial de crescimento. Investimentos em títulos de dívida de países com boa classificação de crédito também proporcionam estabilidade e retornos consistentes em moeda forte”, destaca Jeff.
Embora investimentos domésticos em renda fixa ofereçam retornos atrativos em cenários de juros altos, Jeff ressalta que a diversificação e, principalmente, a internacional continua sendo importante. “Investir no exterior permite acesso a mercados e setores não disponíveis localmente, além de mitigar riscos específicos do país. A diversificação geográfica pode proteger o portfólio contra flutuações adversas na economia brasileira, além de oferecer oportunidades de crescimento tanto em economias emergentes quanto desenvolvidas, sem falar que investimentos em moeda forte, como o dólar, rendendo 4-5% ao ano são extremamente interessantes”, comenta.
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Guilherme Hanna Adario
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