Cerca de 300 pessoas estão na fila de transplante de córneas no Mato Grosso, segundo a Secretaria de Saúde do estado. De acordo com a secretaria, entre janeiro e agosto deste ano foram realizadas 138 captações do órgão no estado — e 134 transplantes foram executados. Desde o início do serviço, já foram realizados mais de 3000 procedimentos dentro do estado.
De acordo com a secretária adjunta do Complexo Regulador da SES-MT, Fabiana Bardi, a doação de órgãos ainda esbarra na falta de informação e na resistência familiar.
“O nosso principal desafio ainda é a conscientização da população quanto à necessidade de se conversar sobre a intenção em ser um doador ainda em vida. É muito mais difícil convencer uma família que está passando por um momento da perda do seu ente querido em dar continuidade”, afirma.
Segundo a secretaria, a pasta está buscando ampliar o número de captação de órgãos no estado. “Nós tivemos agora em setembro uma intensificação nessas campanhas no sentido de levar informação, de conscientizar a população sobre a importância em ser um doador de órgãos”, diz.
A doação de órgãos é livre e deve ser muito bem alinhada entre o doador e os familiares. O neurocirurgião Bruno Burjaili, explica que existem dois tipos de doadores: o doador vivo e do doador falecido.
“Quem quer ser um doador de órgãos tem que simplesmente expressar desejo claramente para os seus familiares. Existem alguns órgãos que podem ser doados em vida, por exemplo, doar um rim para alguém que precisa. E outras situações em que a pessoa, na verdade, vai doar depois do seu falecimento. Ela pode expressar esse desejo para a família, mas é a família que vai definir quando ocorrer o óbito, se vai ter a doação”, explica.
Em Mato Grosso são realizados somente os transplantes de córneas e tecidos. De acordo com a Secretaria de Saúde, “os pacientes que precisam de transplante de outros órgãos são encaminhados pelo serviço de Tratamento Fora Domicílio para serem transplantados em outros estados”. Os gastos com locomoção e a ajuda de custo para estadia e alimentação do paciente e acompanhante são pagos pela SES-MT”, diz em nota.
Ainda em nota, a secretaria informou que “o serviço de transplante de rim em Mato Grosso passa por uma reestruturação das unidades de referência e que o governo está em tratativas para retomar integralmente os serviços”.
Transplantes no Brasil
No Brasil, existe uma lista de espera única para transplante de órgãos. Para receber um órgão, o potencial receptor e o doador devem estar inscritos na lista vinculados a critérios de urgência e compatibilidade.
Segundo dados do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), no primeiro semestre de 2023 foram realizados 7,810 transplantes de córneas no Brasil. O número é 15% maior do que os realizados no mesmo período do ano passado.
Já a fila de espera do transplante de córneas ocupa a segunda posição com maiores pedidos. Atualmente são 25.941 solicitações de transplantes, ficando atrás somente das 37.082 pessoas que estão atualmente à espera de um rim.
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