Oito de março, Dia Internacional da Mulher. As homenagens são muitas, todo reconhecimento e elogios são válidos, mas também precisamos falar sobre assuntos importantes vinculados intrinsecamente a esta data. Em um contexto histórico, este dia está ligado aos movimentos trabalhistas e à luta por direitos femininos no início do século XX. Desde então, temos buscado ocupar mais espaços de liderança, e a equidade de gênero em setores majoritariamente masculinos – como o de tecnologia – passou a ser uma pauta indispensável.
Pesquisas mostram que, no Brasil, a participação feminina na tecnologia vem aumentando nos últimos anos, mas ainda assim as mulheres ocupam menos de 17% das vagas em cursos de Tecnologia da Informação (TI). Esse cenário reflete desafios que começam desde a formação acadêmica, passando por ambientes de trabalho pouco acolhedores, até desigualdades salariais e dificuldades na ascensão profissional. A diferença salarial é outro fator preocupante e reflete a desvalorização sistêmica do trabalho feminino, o que desestimula novas profissionais a ingressarem na área.
Atuando neste setor há uma década, percebo como a diversidade de pensamento é essencial para a evolução corporativa e tecnológica. Equipes com diferentes perspectivas têm maior capacidade de identificar ameaças e desenvolver soluções inovadoras. Um estudo do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST) dos Estados Unidos demonstrou que organizações com times mais diversificados têm um desempenho até 30% superior na prevenção de ataques cibernéticos.
Além disso, a segurança digital não é apenas uma questão técnica, mas também social. Mulheres são desproporcionalmente afetadas por crimes cibernéticos, como assédio online e deepfakes. No Brasil, 77% das meninas e jovens mulheres relatam ter sofrido assédio online, muito acima da média global de 58%. A presença feminina na cibersegurança pode contribuir diretamente para a criação de políticas e soluções mais eficazes para combater esse tipo de violência na rede.
Líderes e Influenciadoras na Cibersegurança
Apesar dos desafios, gosto de evidenciar o quanto as mulheres vêm conquistando espaços e mostrando sua importância no mercado de trabalho, especialmente no âmbito da segurança cibernética. Iniciativas como Women in Cybersecurity (WiCyS), Women4Cyber e WOMCY – LATAM Women in Cybersecurity têm sido fundamentais para capacitar e conectar mulheres interessadas na área.
Além destas iniciativas, a MCIO Brasil também desempenha um papel relevante na valorização de mulheres na tecnologia. Composta por mais de 370 executivas atuantes no segmento de TI, seu principal objetivo é apoiar a entrada, recolocação, evolução e ascensão de mulheres neste mercado, incentivando e qualificando-as por meio de treinamentos e mentorias.
A urgência por mais mulheres na tecnologia e na cibersegurança não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma estratégia essencial para fortalecer a segurança digital global. A diversidade impulsiona a inovação, melhora a capacidade de resposta a ameaças e cria ambientes mais equitativos e seguros.
Para avançarmos, é fundamental que governos, empresas e instituições acadêmicas invistam em programas de incentivo, promovam igualdade salarial e combatam barreiras estruturais que ainda limitam a ascensão feminina na área. O futuro da cibersegurança depende da inclusão, e garantir a participação feminina não é apenas um direito, mas uma necessidade para um mundo digital mais arrojado, seguro e disruptivo.
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ROBERTA SENA FELICIANO
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