Por Ronaldo Oliveira*
Já há alguns anos, a indústria brasileira vive um panorama de desafios motivado, sobretudo, pelos gargalos de infraestrutura do país, pela complexidade tributária e a consequente alta carga de impostos que afeta os empresários do setor e gera obstáculos para a competitividade do ambiente industrial nacional.
Dentro desse contexto, não é surpresa o fato de que muitos negócios do segmento enfrentem adversidades em seus fluxos financeiros, captação de recursos e diversificação de suas fontes de receita para um crescimento saudável, sustentável e de longo prazo.
Nesse sentido, a Sondagem Industrial – pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) – do terceiro trimestre de 2023, auferiu, por exemplo, que, dos três principais problemas do setor no período, dois estavam ligados a gestão financeira, a saber: a alta carga tributária e as taxas de juros altas incidentes sobre a atividade industrial.
Ainda sobre a questão da tributação, um estudo do (CEBRI) Centro Brasileiro de Relações Internacionais destaca que a indústria de transformação é o setor mais tributado no ambiente de negócios do país, respondendo por nada menos que 29,5% da arrecadação fiscal brasileira.
E esse entrave, aliás, também amplia os bloqueios para o aumento da demanda interna por produtos fabricados nacionalmente (outro desafio citado na Sondagem Industrial da CNI), uma vez que, para dar conta dos custos fiscais e produtivos, o setor industrial, muita das vezes, acaba tendo que repassar preços mais elevados para os seus clientes (sejam eles B2B ou B2C).
Diante desse cenário complexo em que adversidades significativas caminham em conjunto com a busca pela retomada do setor industrial brasileiro, quais alternativas podem ser trilhadas pelas companhias de um segmento tão importante para a nossa economia e que responde por mais de 10% do PIB nacional?
Uma resposta que tem sido aplicada já por alguns representantes importantes do setor industrial e que segue a tendência de outros mercados como o varejo, envolve a bancarização ou a abertura de um “braço financeiro” na indústria por meio do qual, dentre outros pontos, uma companhia do setor pode aumentar sua liquidez, recebendo todas as suas vendas a vista e contando com uma tributação diferenciada para a fatia de receita que é referente ao financiamento ao cliente, valor que hoje acaba embutido na nota fiscal.
Como esse processo ocorre? Graças às oportunidades abertas pelos novos modelos de securitização hoje disponíveis no sistema financeiro nacional e das atualizações da CVM sobre a atividade de securitização em geral, hoje empresas podem criar um braço financeiro via os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) ou uma Companhia Securitizadora, contando com o apoio de uma parceira de tecnologia que fornece a infraestrutura tecnológica e regulatória nessa jornada de constituição dos braços financeiros da indústria.
Nesse ecossistema, o braço financeiro passa a ser o responsável por financiar as vendas, ficando inclusive com a receita de juros embutida na venda. O veículo de securitização, é válido salientar, possui uma tributação como uma entidade de investimento; assim a operação consegue uma alíquota adequada para financiamento sem ter de arcar com a alta carga tributária que incide hoje sobre a venda de produtos.
Dessa forma a indústria consegue segregar na venda o que é produto e o que é crédito, para que cada receita possa ser tributada conforme sua natureza, como demonstrado na imagem abaixo:
Dentro do braço financeiro a indústria aporta o seu próprio capital, em uma série chamada subordinada, que dá proteção para os demais investidores. As demais séries ficam disponíveis para terceiros, como bancos e fundos de crédito. Para esses investidores são boas oportunidades para investir na operação de financiamento de vendas da indústria, sem ter que aportar capital na empresa de fato e contanto com a proteção do capital da própria vendedora da mercadoria.
Ato contínuo, outros benefícios podem ser observados no fluxo financeiro das empresas industriais que trilham o caminho da bancarização, incluindo:
Redução do prazo médio de recebimento;
Captação de recursos com menor custo via mercado de capitais;
Concessão de mais prazo para clientes e potencial aumento das vendas;
Menor impacto da alta tributação sobre a atividade de financiamento de vendas.
É importante frisar ainda que os novos modelos de securitização impulsionados pelas Companhias Securitizadoras de Créditos Financeiros são frutos de uma revolução tecnológica que permite que a criação de ecossistemas financeiros na indústria ocorra de modo ágil, por meio de APIs que habilitam negócios como correspondentes bancários, sem a necessidade de dependência dos players tradicionais da indústria bancária.
Estamos, assim, falando de uma alternativa que pode, literalmente, transformar indústrias de todos os portes em fintechs que agregam serviços de crédito e financiamento ao seu portfólio, atuando como uma via para a retomada definitiva de um setor fundamental para a economia e competitividade do país.
*Ronaldo Oliveira é Founder e CEO na Giro.Tech.
Sobre a Giro.Tech:
A Giro.Tech é uma empresa especializada em transformar startups e empresas não financeiras em fintechs de crédito. Com uma equipe altamente capacitada em conhecimentos financeiros e tecnológicos, a Giro.Tech oferece soluções personalizadas e inovadoras para apoiar empresas a criar suas próprias operações de crédito e se transformarem nos bancos do futuro. Com mais de R$50 milhões processados mensalmente em suas operações de crédito e mais de 25 emissões em securitização, a empresa está comprometida em impulsionar a transformação financeira e ajudar seus clientes a se fintechzarem, removendo barreiras de tecnologia e licenças financeiras. Saiba mais em: https://giro.tech/
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STEPHANIE FERREIRA
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