Recursos do programa de descontos no sege zero terminaram e, segundo o presidente da associação, ajudaram a reduzir os estoques nas montadoras e cumpriram ‘muito muito’ a proposta de trazer carros mais baratos para o consumidor. Imagem aérea do recinto da Volkswagen no ABC Paulista lotado de veículos nesta quarta-feira (28).
Leonardo Benassatto/Reuters
Com as paralisações de montadoras de automóveis no mês pretérito, a produção de veículos no Brasil teve uma queda potente de 16,8% em junho. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (7) pela Associação Vernáculo dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Em maio, a produção chegou a 228 milénio veículos, contra 189 milénio no mês pretérito. O resultado foi prejudicado pelo fechamento de cinco fábricas no país, por falta de demanda por veículos novos.
No semestre, o setor colheu uma subida discreta de 3,7%, chegando a 1,13 milhão de veículos produzidos.
Segundo Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, o resultado de junho deve ser minorado nos próximos meses por conta do programa do governo federalista de descontos na compra de sege zero.
O programa foi um pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à sua equipe econômica, para que montadoras dessem descontos em veículos novos. Foram liberados incentivos de R$ 1,8 bilhão.
Lima Leite afirma que os primeiros efeitos do programa se concentraram na desova dos estoques das montadoras brasileiras e foram os veículos parados nos pátios que motivaram, a princípio, a paralisação de montadoras.
“O setor estava com estoques muito elevados no encerramento de maio. Dentro da estratégia e condições dos fabricantes, houve redução da produção para adequação e equilíbrio dos estoques”, diz.
Os dados da Anfavea mostram que os estoques se reduziram de 251,7 milénio em maio para 223,6 milénio veículos em junho, entre montadoras e concessionárias. Isso equivale a uma redução de 40 para 35 dias de reservas.
O executivo ressaltou que o programa do governo deve compelir secção dos resultados para o mês de julho. Segundo a Anfavea, a última semana de junho teve a maior venda diária nos últimos 10 anos, e há um pausa entre venda e emplacamentos que só deve se refletir nas próximas divulgações.
“Os recursos à disposição para o carro zero se encerraram, cumprindo muito bem a proposta do programa de trazer carros mais baratos para o consumidor, com renovação da frota e aquecimento da economia”, diz.
A Anfavea diz que foram produzidas e comercializadas nos últimos quatro dias de junho mais de 79 milénio unidades que não estão computadas nos resultados de junho. Ainda assim, a entidade decidiu não revisar projeções de produção para o término do ano.
Emplacamentos
Nesta semana, a Federação Vernáculo da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) mostrou que as vendas de veículos novos no Brasil tiveram subida de 7,39% em junho, no primeiro resultado solene do setor depois do programa de barateamento de carros zero.
Em números absolutos, foram emplacadas 189.528 novas unidades no país, entre carros, comerciais leves, caminhões e ônibus. O g1 não contabiliza motos e implementos rodoviários.
No primeiro semestre, foram 998.270 emplacamentos. Isso representa subida de 8,76% em relação ao mesmo período de 2022. Em confrontação a junho de 2022, a subida foi de 6,33%.
De contrato com Andreta Jr, presidente da Fenabrave, o número de junho poderia ser maior não fosse por um represamento do mercado. Houve problemas de logística, uma vez que atrasos de refaturamento e emissão de notas de carros novos, além de atrasos de liberação dos Detrans com o basta volume de procura nas concessionárias.
Volkswagen suspende a produção de veículos no país
Estoques altos
Um vídeo feito no dia 28 pelo Globocop, da TV Mundo, causou repercussão ao registrar o recinto da montadora Volkswagen, em São Bernardo do Campo, com milhares de veículos à espera de serem vendidos. (veja o vídeo supra)
O acúmulo de estoque fez a montadora promover mais uma paragem de produção em suas fábricas por conta de uma “estagnação do mercado”. Em outras palavras, a empresa continua sentindo a falta de demanda por veículos novos, que causou paralisações das principais montadoras do país no início do ano.
O fenômeno é o mesmo que o g1 mostrou à quadra:
os aumentos da taxa básica de juros, a Selic, feitos pelo Banco Mediano desde 2021, começaram a trazer consequências mais fortes para a economia.
uma delas é, justamente, a redução do consumo por meio da dificuldade de licença de crédito.
o encarecimento do crédito junto com a redução do poder de compra da população reduziu o potencial de financiamento e, por consequência, a demanda por carros novos.
O excedente de produção, em tese, deveria produzir novas condições para a comercialização de veículos — a famosa lei da oferta e demanda da economia —, mas analistas ouvidos pelo g1 dizem que as montadoras precisam retomar as perdas por conta do momento que viveram durante a pandemia de Covid.
Com dispêndio de produção em subida devido aos entraves logísticos e falta de matéria-prima durante os últimos anos, as empresas precisam restabelecer o “dinheiro perdido”. Ainda que as cadeias logísticas tenham melhorado em 2022, houve a guerra na Ucrânia que trouxe novos impactos em preços de commodities necessárias para a indústria.
É o caso de metais usados em semicondutores, peças responsáveis pela transporte das correntes elétricas. São chips indispensáveis para a montagem de automóveis e eletroeletrônicos — que também tiveram aumento de demanda durante a pandemia.
Outrossim, o mercado está em momento de subida competitividade, já que as montadoras correm contra o relógio em procura de desenvolver veículos que funcionem com novas matrizes energéticas, por exemplo. A eletrificação da risco demanda investimentos em pesquisa e eficiência, para que o resultado final tenha preço competitivo dentro do mercado.
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