O Setembro Amarelo – campanha de prevenção ao suicídio, iniciada em 2015 – acabou, mas a saúde mental continua sendo um assunto urgente, que a psicanalista lacaniana Fabiana Ratti, trata em seu novo lançamento, Café com Freud e Lacan – A dor de existir – Ansiedade, depressão, burnout, síndrome de pânico e os cuidados em saúde mental.
Uma versão coloquial de sua dissertação Inibição Melancólica: uma leitura psicanalítica sobre a dor de existir, o livro aborda conceitos do pai da psicanálise Sigmund Freud (1856-1939) e Jacques-Marie Émile Lacan (1901-1981), psiquiatra pós-freudiano que modernizou a obra do mestre, em seis capítulos, com referências bibliográficas. “Um espaço para dúvidas e explicações dos conceitos psicanalíticos relacionados à vida prática”, avisa a autora já na apresentação, afastando-o das publicações acadêmicas.
O livro começa com o capítulo O Sujeito em movimento, parte da primitiva dor de existir, o nascimento: “O primeiro choro e o início do desconforto disto que se chama: vida”. E segue com os outros momentos de virada e os mecanismos psíquicos que usamos para lidar com os subsequentes desafios à saúde mental.
Enfrentar a vida – A questão com a falta do objeto é o segundo. Inconsciente, pré-consciente e consciente, ou id, ego e superego, para Freud, ou o modelo proposto por Lacan, que subdivide o inconsciente em real, simbólico e imaginário – como a autora vem trabalhando nesta coletânea. Como lidamos com as imperfeições – nossas, dos outros e da vida? – que “Lacan diferencia em: privação, frustração e castração”, explica a psicanalista. “Assim, fazemos a diferenciação que Lacan nos apresenta em relação às faltas e perdas”, diz Fabiana na introdução.
As dores não tratadas são analisadas no terceiro capítulo, As perdas, que discorre sobre as diversas formas de luto e sobretudo como reagimos a elas. São as dores que, quando compreendidas e elaboradas, nos devolvem à vida. “A questão é quando isso não acontece e se transforma em inibição melancólica”, previne a autora.
Como enfrentamos as adversidades e superamos os desafios da dor de existir é foco do quarto capítulo, desenvolvido através de um paralelo entre heroínas de duas peças teatrais: a Antígona, de Sófocles, e A Falecida, de Nelson Rodrigues, “dois polos bem opostos e distintos”. Antígona, com suas perdas físicas, as evidentes razões das dores emocionais. Zulmira, aquela que hoje dizemos: “uma pessoa que tem tudo”, mas que sente quase que a mesma dor de existir de Antígona. As duas caminham para o mesmo fim e ressaltam a importância do diagnóstico muito bem feito e do tratamento ser levado a sério.
A psicanalista Fabiana Ratti usa o documentário Amy, sobre a vida e a saúde mental da diva pop Amy Winehouse (1983-2011), o “objeto idealizado”, para analisar os conceitos psicanalíticos trabalhados no quinto capítulo, Os sintomas e a relação com o desejo. Através dos relacionamentos conturbados, a fama, o vício e o consequente falecimento prematuro, a autora aprofunda-se nos sintomas da sociedade contemporânea – ansiedade, depressão, burnout e síndrome do pânico – e reivindica a urgência de tratar o sujeito do emocional na relação com seu desejo e não somente focar na retirada de sintomas como tem acontecido. “Vejam as sérias questões que a saúde mental enfrenta. Não estamos falando de uma pessoa excluída… Estamos falando de Amy Winehouse em plena Londres do século XXI.” Fica uma luta contra o sintoma. Contra o álcool e as drogas. E, o emocional, de fato, não é tratado.
No sexto e último capítulo, Tratamento, a psicanalista discute a imprescindibilidade do tratamento, a capacitação dos profissionais de saúde mental – que, como o paciente, precisa ter suas questões analisadas – e a importância do conhecimento a respeito do inconsciente.
Uma iniciativa da Clínica de Psicanálise UNBEWUSSTE com apoio do Clube Rotary Sumaré e clubes parceiros – para que seja um verdadeiro movimento em prol da saúde mental com palestras, lançamentos de livros e vídeos –, o lançamento chama a responsabilidade da população para os cuidados com o emocional. Terceiro volume da coletânea Café com Freud e Lacan – os outros foram Liderança e laços afetivos e políticos no cotidiano e no mercado de trabalho – táticas e estratégias psicanalíticas e Liberdade no emprego, autonomia no trabalho e empreendedorismo – táticas e estratégias psicanalíticas –, A dor de existir está disponível para venda no site da Clínica.
Sobre a autora
Fabiana C. Ratti, psicóloga (PUC-SP, 1997), psicanalista, pesquisadora e supervisora, atende em consultório particular desde 1998. Mestre em Psicologia Clínica (PUC-SP, 2014), psicanalista pelo Instituto de Pesquisa em Psicanálise (1996-1998). Trabalhou e prestou assessoria em ONGs de saúde mental. Hoje forma redes de atendimento, constrói equipes de psicanálise para empresas através da Clínica de Psicanálise Lacaniana UNBEWUSSTE (inconsciente, em alemão). Autora da coleção Café com Freud e Lacan.
Ficha Técnica
Título: Café com Freud e Lacan – A dor de existir – Ansiedade, depressão, burnout, síndrome do pânico e os cuidados em saúde mental
Autora: Fabiana Ratti
Editora: UNBEWUSSTE
Pags: 174
Valor de capa: RS 55,00
Link para venda: https://fabiana-ratti.lojaintegrada.com.br/cafe-com-freud-e-lacan-a-dor-de-existir-ansiedade-depressao-burnout-sindrome-de-panico-e-os-cuidados-em-saude-mental
ISBN: 978-65-00-94639-0
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ALISSON SCHAFASCHECK
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