Lesões no joelho sempre foram uma preocupação no futebol, mas uma em especial tem gerado grande apreensão entre treinadores e dirigentes no futebol brasileiro: a rotura do ligamento cruzado anterior (LCA). Ao menos 30 casos foram noticiados até novembro do ano passado, entre jogadores das Séries A e B do Campeonato Brasileiro, afetando o desempenho dos times e levando muitos atletas a passarem por cirurgias e longos tratamentos.
Nos últimos dias, o meio-campista do Palmeiras, Figueiredo, passou por uma cirurgia devido à lesão, após se machucar durante a disputa da Libertadores Sub-20. Esta é a terceira lesão de joelho do jogador, que é tido como nome promissor na Academia de Futebol.
Um estudo publicado na Revista Brasileira de Ortopedia observou pacientes divididos em grupos – lesão isolada do LCA (1); lesão do LCA associada a lesão meniscal (2); e lesão meniscal isolada (3). A pesquisa constatou que a maioria dos pacientes pertencia ao grupo 1 (44,58%) e que o futebol causou o maior número de lesões, independentemente do grupo. Quando avaliado o retorno ao esporte, constatou-se que os grupos perderam uma média de 40-55% de seu rendimento esportivo.
Atletas de outras modalidades também sofrem com a condição. A jogadora de vôlei do Praia Clube, Carol Gattaz, rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho pela segunda vez em dois anos e será submetida a procedimento cirúrgico.
O presidente da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte (SBRATE), João Grangeiro, explica que o joelho é uma articulação complexa, formada por ossos, cartilagem, tendões e ligamentos que garantem sua estabilidade e movimentação. Entre esses ligamentos, o cruzado anterior tem um papel fundamental no controle dos movimentos rotacionais do joelho.
“A lesão do LCA pode ocorrer de várias maneiras. Entre as principais causas estão mudanças rápidas de direção durante o jogo, desacelerar rapidamente ao correr, parar de forma repentina, posicionar o pé errado ao pousar após um salto, ou ainda, por causa de contato direto com outro jogador ou algum obstáculo. Além disso, características individuais anatomofuncionais podem aumentar a incidência de lesão do LCA nesses indivíduos”, diz.
Quando ocorre uma lesão no LCA, é comum que a pessoa ouça um estalo e sinta o joelho se deslocando. Os principais sintomas incluem dor intensa, inchaço na região afetada, dificuldade para movimentar o joelho e instabilidade ao caminhar ou se mover.
Quem mais está em risco?
Embora mais frequente em atletas, a lesão do LCA não afeta apenas quem pratica atividades esportivas. Pessoas com obesidade mórbida, por exemplo, podem sofrer dessa lesão devido ao excesso de peso e sobrecarga nos joelhos. Além disso, trabalhadores que realizam atividades laborais, com grande demanda física, também estão mais propensos a essa lesão.
“Em se tratando dos esportistas, na maioria dos casos, o tratamento indicado é o cirúrgico. Nos outros indivíduos, há a necessidade de uma avaliação bastante pontual”, fala o presidente da SBRATE. “É fundamental procurar um médico especialista para diagnóstico preciso, tratamento adequado e um processo de reabilitação bem conduzido, para reduzir o risco de complicações futuras e permitir ao paciente retomar suas atividades cotidianas com mais segurança e confiança”, conclui.
Sobre a Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte (SBRATE)
A Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte (SBRATE) é uma entidade sem fins lucrativos que reúne médicos ortopedistas e promove o avanço da artroscopia e traumatologia esportiva no Brasil por meio de educação, pesquisa e boas práticas.
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