O governo federal, em publicação da Lei 14.667 no Diário Oficial da União, instituiu a Semana Nacional do Empreendedorismo Feminino, evento a ser realizado todos os anos durante o mês de novembro para celebração da participação da mulher à frente dos negócios.
Além de conscientizar a população brasileira sobre a participação feminina no empreendedorismo, destacando os efeitos desta liderança perante empresas, a publicação da lei acontece em um momento de crescimento do papel da mulher na economia.
A ONU (Organização das Nações Unidas), da mesma maneira, determinou, desde 2014, o dia 19 de novembro como o Dia do Empreendedorismo Feminino, onde mais de 150 países adotaram a data aos seus calendários oficiais. Este marco reforça o quinto Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da organização, para promoção da igualdade de gênero e empoderamento de todas as mulheres e meninas no mundo.
Um estudo realizado pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), baseado em dados do PNADC (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) no terceiro trimestre do ano passado, apontou a existência de 10,3 milhões de mulheres donas de negócios no país, o que representa 34,4% dos empreendedores no Brasil.
Empresárias de diferentes setores contam suas motivações, análises e os desafios do empreendedorismo feminino.
O que a inspirou a se tornar empreendedora e iniciar seu próprio negócio?
“A maior inspiração que tive para me tornar empreendedora foram os meus filhos, diria que foi o primeiro empurrão que tive para conciliar carreira com maternidade, porque senti que o mercado não me aceitava como mãe, para poder levar meu filho ao médico, ou estar presente na vida deles. Sempre gostei muito de trabalhar, de ter minha liberdade financeira e minha profissão, mas sempre gostei de maternar, então entendi que para conciliar as duas coisas, a forma encontrada para isso era empreender e ser dona do meu próprio negócio. Este ano lancei me livro que é um novo marco para minha história e da Muskinha, e a maternidade e espero também apoiar empreendedoras em todo o Brasil com essa obra” (Amanda Chatah, criadora da Muskinha, especializada em mobiliário infantil).
Como você enxerga o cenário para o empreendedorismo feminino?
“No cenário atual, as mulheres estão cada vez mais ganhando relevância. Criei a Hestia Ventures como fundo dedicado à primeira infância, e muitas das minhas sócias são mulheres e mães e tenho a honra de tê-las lado a lado construindo e escalando negócios seguros embasados em ciência e tecnologia”. (Isabella Maluf Vasconcelos, criadora da Hestia).
Qual é o papel das mulheres no cenário empreendedor atual?
“Num país onde a maioria da população é feminina, é muito importante que mais mulheres se disponham a empreender. O desafio é árduo, pois no processo de independência feminina, a mulher foi acumulando tarefas. Essa jornada não é fácil e tira a disposição de muitas mulheres em empreender. Por outro lado, todas essas facetas femininas nos permitiram desenvolver habilidades que são muito desejáveis no mundo do empreendedorismo, como, por exemplo, a habilidade em negociar, gerenciar o tempo, discernir prioridades e tratar o outro com empatia. Tudo isso nos torna profissionais muito capazes e completas.” (Luane Lohn, CEO da Ciclo Cosméticos).
Quais são os impactos do empreendedorismo feminino no mercado?
Mulheres empreendedoras desempenham um papel crucial como agentes de inovação, promovendo mudanças significativas que impactam positivamente diversos setores. Ao criar oportunidades valiosas e desafiar normas estabelecidas, elas não apenas fortalecem a presença feminina na sociedade, mas também inspiram futuras gerações de líderes. Essa trajetória contribui para um ambiente mais inclusivo e dinâmico, onde a diversidade de ideias e perspectivas é essencial para o progresso coletivo. (Patricia Vasconcelos – CEO da Destak Consultoria Medica)
Qual é a sua motivação para continuar empreendendo?
Os desafios são muitos, especialmente no empreendedorismo feminino, que muitas vezes envolve sobrecargas e a culpa associada ao universo feminino e à maternidade. No entanto, levar autocuidado às pessoas, proporcionar pausas de qualidade e ajudar a melhorar a autoestima de alguém que está enfrentando um momento difícil faz tudo valer a pena. Além disso, ter a oportunidade de promover crescimento e uma vida melhor para nossa equipe é extremamente gratificante. Sem os profissionais que fazem parte do YLLA, tudo isso não passaria de um sonho.” (Maria Eugenia Cais, Socia Fundadora do YLLA)
Como você vê a interseção entre saúde e empreendedorismo, especialmente na sua área, e quais oportunidades você acredita que existem para mulheres empreendedoras nesse campo?
“Vejo como um grande desafio, pois empreender na área da saúde exige uma conexão direta com o cuidado, e isso é o mais importante. É fundamental lembrar que a mulher, especialmente a médica, lida com demandas e cuidados constantes: pacientes, casa, filhos e sua própria saúde. Saber equilibrar tudo isso é essencial. Ter uma rede de apoio que oriente e ajude a administrar esse empreendedorismo é crucial.” (Chris Guarnieri – dermatologista e CEO da CG Dermatologia)
De que maneira o apoio ao empreendedorismo feminino pode transformar comunidades e quais papéis as ONGs podem desempenhar nesse processo?
“O apoio ao empreendedorismo feminino pode ser um motor de transformação nas comunidades, pois quando as mulheres são capacitadas a empreender, elas não apenas criam negócios sustentáveis, mas também geram empregos e promovem o desenvolvimento local. A Afesu, como ONG, desempenha um papel fundamental nesse processo, oferecendo formação, recursos e redes de apoio que ajudam as mulheres a superar barreiras, construir confiança e alcançar seus objetivos. Assim, investindo no empreendedorismo feminino, estamos investindo em um futuro mais equitativo e próspero para todos.” (Sonia de Almeida – Diretora Executiva da Afesu)
Qual é a importância de celebrar o empreendedorismo feminino?
“A importância de celebrar é mostrar que podemos ser o que quisermos. Pode ser difícil, mas faz parte da jornada. O mais importante é não desistir e tirar do papel nossos desejos e sonhos, aquela vontade de fazer diferença pelo mundo ou por uma realidade nossa. E sabemos como mudar isso.” (Natali Gutierrez, CEO da Dona Coelha).
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ANDRESSA PEDROSO BREGALANTI
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